há uma pandemia porque é útil para todos. Essa troca de informações é tão
fundamental que, se você não compartilha seus números, imediatamente sofre
retaliações de outros países. A Coreia do Norte, por exemplo, é considerada
um pária porque não se sabe a realidade de seus números. Os europeus, por
sua vez, costumam divulgar relatórios muito detalhados.
Poucos dias antes havia se iniciado a crise do cruzeiro de luxo Diamond
Princess, atracado na costa do Japão, que estava desde o dia 3 de fevereiro
em quarentena devido à presença de passageiros que testaram positivo para o
novo coronavírus. Os Estados Unidos haviam enviado um helicóptero para
resgatar seus mais de quatrocentos cidadãos embarcados, e o caso teve ampla
repercussão no mundo todo.
Na sexta-feira, 21, ainda não havia elementos para colocar a Itália ou
qualquer outro país da Europa em suspeição, pois os números eram muito
tímidos. A Itália, no primeiro dia de Carnaval, tinha acabado de registrar a
primeira morte (a segunda na Europa), e, segundo a Ansa, a agência italiana
de notícias, havia dezessete casos confirmados no país.^1
Arrumei a mala e parti para o Mato Grosso do Sul, para descansar durante
o feriado com a família em minha fazenda, a pouco mais de cem quilômetros
da capital, Campo Grande. Lá não pega celular e não tem sinal de internet. A
conexão com o mundo exterior fica a cargo de um telefone fixo instalado na
sala. Para falar comigo, é preciso saber aquele número, que eu forneço para
poucas pessoas, e ainda dar sorte de ter alguém por perto para ouvir o
aparelho tocar. Ainda que minha equipe estivesse de prontidão, eu estava
desligado do mundo.
No domingo de Carnaval a Itália começou a despertar a atenção do nosso
ministério. Se havia apenas poucos casos na sexta, o número saltou para cem
em 48 horas^2 e depois de duzentos para trezentos, e assim por diante. Na
segunda-feira, dia 24, eu ainda estava na fazenda quando o Wanderson me
antfer
(Antfer)
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