Essa cobertura mais intensiva começou em paralelo ao drama da Itália. O
país europeu aprofundou a quarentena, travou a cidade de Milão, depois
bloqueou o país inteiro. As imagens de Veneza totalmente vazia, as
entrevistas das autoridades em saúde italianas divulgando números cada vez
mais altos de mortos, os vídeos que se espalhavam nas mídias sociais de
governadores e prefeitos enfurecidos com o desrespeito ao isolamento, tudo
isso impressionava. Aquele era o primeiro país ocidental com imprensa e
ciência livres, com um sistema de saúde consistente e bom histórico clínico,
que entrava em colapso.
A nação que tinha colapsado logo antes da Itália fora o Irã, mas a gente
olhava e ponderava: é um país que passou por embargo econômico muito
forte, é teocrático, deve ter dificuldades de acesso à informação e ao
tratamento médico. O Irã foi o primeiro lugar que mostrou valas abertas para
enterros coletivos, enfrentou uma forte crise no sistema penitenciário e
decidiu soltar detentos. Houve muitas mortes em Teerã e até um hospital em
Bandar Abas, uma das maiores cidades do país, foi incendiado por uma
multidão quando se espalhou o rumor de que o governo havia transferido
pacientes de covid-19 para lá. Era uma coisa muito impactante, mas quase
surreal, porque existia ainda a sensação de que, apesar de o colapso estar
acontecendo no Irã, era preciso levar em conta que a realidade do país tinha
muitas particularidades. Em outros lugares não seria assim tão grave,
imaginávamos.
Na Ásia, onde o vírus começou a se espalhar, os países se prepararam
muito, porque sabiam que a origem de várias mutações virais que ocorreram
na história recente saíram dali. Isso acontece por causa da insalubridade
animal ou por hábitos alimentares que se misturam a uma cultura de animais
silvestres em feiras livres. A região tem em seu histórico o surgimento da
Sars (sigla em inglês para síndrome respiratória aguda grave) em 2002 e da
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(Antfer)
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