Luiz Henrique Mandeta - Um Paciente Chamado Brasil

(Antfer) #1

gripe asiática nos anos 1960. O aparecimento de um vírus sempre tem muito
impacto naquela parte do continente. Como a Coreia do Sul sofreu demais em
2015 com a Mers (sigla de síndrome respiratória do Oriente Médio), tinha um
plano pronto de biossegurança, estabelecido em função dos riscos a que o
país está exposto.
Dá para fazer uma analogia com o preparo contra terremotos, feito pelos
países sujeitos a esse fenômeno. No Japão, por exemplo, toda a sociedade é
orientada sobre como agir em situações de tremores de terra, das crianças aos
idosos, e as empreiteiras fazem edifícios pensando nessas condições
extremas. Em países como o Brasil, onde não há terremotos de grande escala,
esse é um risco desprezível. Então, se acontecer um tremor de terra de
grandes proporções aqui, nossas construções não estão preparadas, as pessoas
não vão saber o que fazer durante a emergência.
Portanto, quando o novo coronavírus chegou aos países asiáticos, a questão
se restringia a analisar as características do vírus e como ele poderia afetar
uma região que tem histórico de preparação para isso. Mas, ao entrar em
Teerã, a doença derrubou todo o sistema. Ao atingir a Itália, que não tem um
vírus novo há séculos, a covid-19 também colapsou o sistema de saúde. E
isso, claro, gerou uma maior preocupação mundial.
Nesse momento, a OMS e a China já falavam que a única forma de evitar o
colapso dos sistemas de saúde era o isolamento social. A Itália não tinha feito
isolamento — a vida seguia como sempre, com jogos de futebol, ruas lotadas
e o comércio aberto — e estava pagando um alto preço. Portanto, já
entendíamos, naquele momento, que estávamos lidando com um vírus
respiratório competente e de transmissão rápida. Quando o vírus chegou à
França, o sistema de saúde também começou a enfrentar problemas. Em
seguida, foi o da Alemanha.

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