Quando se descobre um passageiro contaminado, geralmente todos a bordo
têm de permanecer no navio em regime de quarentena. Uma embarcação é
uma caixa fechada, e o vírus se mostrou muito competente nessas situações.
É difícil cumprir medidas de isolamento em grupos tão grandes, como são os
de viagens de cruzeiro. E suponha que no décimo terceiro dia alguém teste
positivo. O certo seria aguardar mais catorze dias, e assim sucessivamente.
Então, partimos do pressuposto de que todos eram casos suspeitos.
Classificamos as pessoas por destino, entramos em contato com as
embaixadas de seus países e, em conjunto com elas e a empresa responsável
pelo cruzeiro, organizamos a retirada das pouco mais de seiscentas pessoas
do Silver Shadow.
Deu certo. Vários grupos foram reunidos e, antes do desembarque, toda a
documentação necessária — carimbos de passaporte, vistos — era
despachada na saída, numa ação conjunta com a Polícia Federal. Os
passageiros eram levados ao aeroporto em ônibus fretados, sempre
acompanhados por médicos, e depois seguiam em voos para seus países
natais. Todos foram retirados com segurança e não houve casos de
transmissão a partir dos passageiros. Essa operação contou com a
participação de muita gente: Polícia Federal, Vigilância Sanitária, o corpo de
Relações Exteriores do Brasil e dos países envolvidos, o governo de
Pernambuco, entre outros.
Apesar do sucesso, o caso acendeu o sinal de alerta para a vulnerabilidade
dos nossos portos, sobretudo no que se refere aos navios que aportavam com
centenas de turistas que já haviam passado por países em que a pandemia
avançava. Era necessário agir.
Wanderson de Oliveira redigiu então um boletim determinando a proibição
de partida e chegada de cruzeiros na costa brasileira. Era consenso entre nós
que seria uma irresponsabilidade manter o fluxo de turistas num momento
antfer
(Antfer)
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