daquele. Se estávamos orientando fechamentos de bares e restaurantes, o
mesmo princípio tinha que ser adotado para navios de cruzeiro. Essa nem era
uma medida excepcional do Brasil, todo o planeta já tinha adotado esse
bloqueio. O Wanderson preparou o boletim, me mostrou, e eu disse: “Vai em
frente, pode bloquear”.
Menos de duas horas depois da publicação do documento começou uma
gritaria promovida pelo lobby do setor de turismo, reclamando dos prejuízos
que a medida traria para os operadores de cruzeiros. O presidente Jair
Bolsonaro imediatamente me ligou querendo explicações e pedindo que eu
cancelasse o boletim. Segundo ele, se acabássemos com os cruzeiros, seria
muito ruim para a economia, e começaria a correr a notícia de que o Brasil
estava se fechando. Na sequência, me ligaram o ministro do Turismo,
Marcelo Álvaro Antônio, e o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, todos
querendo derrubar o texto.
O Ministério da Saúde já enfrentava muitos desafios, e achei que não seria
prudente entrar em rota de colisão com o presidente e seus ministros tão
cedo. Havia uma enorme dificuldade com as compras de equipamentos, ainda
teríamos que discutir novas normas restritivas, então considerei que era o
caso de recuar naquele tema.
Procurei o Wanderson, expliquei a situação e determinei a retirada do
boletim que proibia os cruzeiros de aportar na costa brasileira. Disse a ele que
era melhor dar um passo atrás, para mais adiante fazermos uma normatização
total, incluindo as restrições aos navios turísticos. Era só uma questão de
aguardar o momento mais favorável. Wanderson ouviu tudo, mas obviamente
não gostou.
O boletim é de responsabilidade da Secretaria de Vigilância em Saúde,
comandada por ele, e sempre dei carta branca para que atuasse como achasse
melhor. O recuo em relação ao bloqueio dos cruzeiros, para ele, havia sido
antfer
(Antfer)
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