uma operação do Planalto em conjunto com a chefia da Anvisa, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. A relação da Anvisa com a Secretaria de
Vigilância é cheia de arestas. Os nomes se confundem, mas a agência e a
secretaria atuam de modo diverso. A Anvisa emite notas técnicas, mas não
tem pernas para ir a campo. Quando a Anvisa diz que recolheu um lote tal de
determinado produto, não é dela o fiscal que está na ponta. Ela usa a
Vigilância Sanitária do Wanderson. Por esse exemplo já dá para entender o
porquê dessa relação conflituosa.
Como o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, é um almirante
nomeado pelo Bolsonaro, ele tinha muita entrada no Planalto, e Wanderson
logo enxergou a digital dele na derrubada do boletim. Pesava o fato de que
suspender esse fluxo de navios era uma necessidade óbvia, adotada em
muitos países. Eles já estavam impedidos de aportar na América do Norte, na
América Central, na Argentina. Praticamente toda a costa do Pacífico estava
fechada. Só a costa atlântica brasileira continuava permitindo a chegada dos
cruzeiros. Assim, toda embarcação com doentes a bordo poderia vir para a
costa brasileira.
As viagens de turismo marítimo têm um potencial muito alto de espalhar o
vírus e impactar os sistemas de saúde locais. Elas concentram pessoas de
várias nacionalidades, principalmente idosos. Os aposentados, por exemplo,
representam cerca de 57 por cento do público de cruzeiros na Holanda,
cinquenta por cento na França e quarenta por cento na Alemanha, segundo a
Dreamlines. Quando um navio tem um passageiro contaminado com o vírus,
ainda que a autoridade sanitária tire o paciente num dia, é comum que logo se
descubra mais gente infectada. Em seguida, é preciso tirar outros tantos, e, no
final, você tem que dar conta de uma quantidade imensa de pessoas numa
embarcação, mais de mil em geral, com o vírus ou com suspeita de
contaminação, e colocar todo mundo em quarentena. E onde é possível isolar
antfer
(Antfer)
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