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Quando assumi o Ministério da Saúde, nomeei José Carlos Aleluia como meu
assessor especial. Ele é um dos grandes expoentes da política baiana desde a
década de 1990, conhece o Congresso como poucos, foi deputado federal
entre os anos de 1991 e 2019. Somos do mesmo partido, o Democratas. Eu
me aconselhava com ele.
No ministério, eu precisava de alguém que me assessorasse na parte
política. Tinha consciência de que o trabalho na Saúde dependeria de uma
boa integração com o Congresso Nacional. José Carlos Aleluia era perfeito
para o cargo. Ele não tinha sido eleito nas últimas eleições para deputado
federal, então fiz o convite.
Ele tem uma visão muito sofisticada sobre os movimentos políticos, o que
era importante para mim. Ele antevê o problema. Um dia, durante uma
conversa no meu gabinete, comentei que o Osmar Terra, então ministro da
Cidadania, estava usando politicamente a primeira-dama, Michelle
Bolsonaro. Ele a chamava para eventos para se cacifar dentro do governo. Ela
comandava o Pátria Voluntária, uma plataforma de arrecadação solidária, que
na ocasião era vinculada à pasta da Cidadania. Quando contei isso para o
Aleluia, a resposta foi: “Osmar Terra acaba de assinar sua própria carta de
demissão. Não se tira proveito político de uma primeira-dama sem incomodar