National Geographic - Portugal - Edição 235 (2020-10)

(Antfer) #1
Tendoemcontao
seupeso,estasaves
derapinatêmuma
envergaduradeasas
pequena,o quelhes
permitenavegarna
florestadensa.Podem
capturarumapreguiça
adultaouumpequeno
veado.Estaharpiaestá
a regressaraoninho
comosrestosdeum
porco-espinho.

Em teoria, deveria


ser um atalho.


Agora, com água


pela cintura, dou


por mim a tropeçar


em troncos


submersos.


Agacho-me sob arbustos espinhosos cheios de for-
migas e avanço entre cortinas peganhentas de teias
de aranha, seguindo por um trilho aberto pelo ecolo-
gista brasileiro Everton Miranda. Já perdemos uma
máquina fotográfica, quando o assistente de campo
Edson Oliveira caiu de frente, enfiando a cara numa
grande poça. A fotógrafa Karine Aigner foi picada no
antebraço por uma vespa, desenvolvendo uma baba.
Contudo, se alguém estiver a pensar em voltar
para trás, não o diz em voz alta. A nossa missão
é demasiado importante. Estamos aqui em busca
da esquiva harpia que, segundo os boatos, se en-
contra a um quilómetro e meio, no interior desta
floresta húmida amazónica em Mato Grosso.
Com os seus elegantes corpos monocromáticos,
olhos ferozes e penas faciais exuberantes, as har-
pias são frequentemente mencionadas quando
se fala nas aves mais espectaculares do planeta.
Capazes de capturar uma preguiça adulta numa
árvore, as suas garras podem ser maiores do que
as de um urso-pardo, e as fêmeas chegam a pesar
11 quilogramas. “Parecem um animal saído de um
livro de fantasia”, diz Everton Miranda.

Esta reportagem foi
realizada em parceria
com a National Geographic
Society e a Wyss Campaign
for Nature, que pretendem
inspirar os leitores
a protegerem 30%
do planeta até 2030.

90 NATIONAL GEOGRAPHIC

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