National Geographic - Portugal - Edição 235 (2020-10)

(Antfer) #1

Enquanto predadores de topo, as harpias de-
sempenham um papel essencial, ajudando a
manter as populações de predadores sob contro-
lo. “Se conseguirmos conservar a harpia, conse-
guiremos conservar quase toda a biodiversidade
do ecossistema que eles habitam”, diz Richard
Watson, presidente e director executivo do Pere-
grine Fund, uma organização sem fins lucrativos
que lidera um programa de conservação de har-
pias no Panamá.
Ninguém sabe quantas restam em ambiente
selvagem, mas os cientistas sabem que estão a
desaparecer. Estas poderosas aves de rapina exis-
tiram, outrora, desde o Sul do México ao Norte da
Argentina, mas a sua área de distribuição dimi-
nuiu mais de 40% desde o século XIX e está agora
praticamente limitada à Amazónia, diz o biólogo.


A desflorestação causada pela exploração agrí-
cola, extracção mineira e construção não parece
abrandar. Everton Miranda estima que tenham
sido arrasados 55 hectares de floresta amazónica
brasileira por hora no início de 2020.
Lutador de artes marciais mistas e cientista,
Everton está na linha da frente dos esforços para
salvar as harpias do Brasil. Ele acredita que, sem
acções eficazes de conservação, as aves de rapina
não tardarão a desaparecer de uma parcela signi-
ficativa do seu bastião brasileiro, o chamado arco
de desflorestação, uma paisagem fragmentada
com o tamanho aproximado de Espanha, contor-
nando o Sudeste da Amazónia. Everton acredita
que essa perda de habitat poderá ser combatida
se for demonstrado aos brasileiros que as florestas
são mais lucrativas em pé do que derrubadas.

HARPIAS 91
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