Assim que pegou a caixa,gentilmente tirada da vitrine pelo
balconista, começou a sentir sua textura
calmamente, o que lhe trouxe uma
sensação diferente, que lhe aguçava
alguma lembrança, que não conseguia
acessar.
Perguntou se funcionava, se tocavaalgumamúsica,enquantogiravaacordae
foi aí que seu coração disparou. Uma
antiga canção celta começou a soar e a
remeteuaumsonhorecorrenteparaela.
Néris via-se cavalgando um cavalobranco,semcela,emumalarga alameda,
rodeadadefloresperfumadas,commuita
pressadechegaremalgumlugar,quenão
sabia onde era. Enquanto cavalgava,
olhava para trás e, quando sentia a
aproximaçãodealguém,acordava.
Umsonhoqueserepetia,desdequeeracriança.Naépoca,corriaparaacama
da mãe, achando ser um pesadelo, mas
agoraelaseencantaquandoosonhovem,
fazendo-a acordar com um sorriso nos
lábios.
“Vai levar a caixa?” – quis saber obalconista.