Super Notícia (2020-10-05)

(Antfer) #1

DESTAQUE NO SADA


Entre os atletas formados na
estrutura norte-americana que já
estão consolidados no cenário
internacional, o ponta Taylor San-
der, que defendeu o Sada Cruzeiro
há duas temporadas, é um bom exem-
plo. “Cheguei a indicá-lo para equipes
brasileiras, pois seria um bom investi-
mento. Em 2014, ele já estava na sele-
ção americana e jogou a final da Liga
Mundial contra o Brasil, quando fo-
ram campeões. Sander foi o melhor
jogador da competição”, diz Rubi-
nho, treinador e ex-assistente
de Bernardinho
na seleção
brasileira.

DANIEL OTTONI
[email protected]

Um trabalho de exce-
lência na formação de jo-
gadores, em tese, seria
fundamental para fomen-
tar uma liga de alto nível,
com alguns dos melhores
atletas do mundo. No en-
tanto, o potencial do vô-
lei nos Estados Unidos
não parece ser aproveita-
do da melhor forma, já
que o país não tem uma
liga profissional. Por que
isso acontece?
Todo o trabalho de for-
mação faz o país ter a
maior competitividade do
planeta com atletas de
até, aproximadamente,
23 anos. A partir daí,
quando se formam, os jo-
gadores precisam encon-
trar novas ligas para atuar
e desfrutar do talento, da
qualidade e do potencial.
“No segmento universitá-
rio, o vôlei dos Estados
Unidos é o melhor do
mundo. Por isso contam
com tantos atletas de 18 a
22 anos jogando competi-
ções fortes. Mas o esporte
não está entre os primei-
ros na preferência ameri-
cana”, diz Rubinho, que
foi assistente de Bernardi-
nho por muitos anos na se-
leção brasileira.
“Pelo próprio formato
das ligas americanas, que
movimentam somas mi-
lionárias, como no bas-
quete, futebol americano
e beisebol, talvez seja di-
fícil implantar uma liga
de voleibol nesses mes-
mos padrões”, comple-
tou. Rubinho foi respon-
sável por comandar ti-
mes de novos do Brasil
em competições nas
quais sempre teve os joga-
dores universitários dos
EUA como concorrentes
ao título.

Quem se beneficia bastan-
te da formação é a seleção.
Poucos países como os EUA
conseguem apresentar a ca-
da ano atletas praticamente
preparados para atuar em
qualquer torneio de alto
nível. “O trabalho de ba-
se nos EUA está entre
os melhores em ter-
mos técnicos, táticos e

psicológicos. Em termos or-
ganizacionais e de quantida-
de de atletas de qualidade for-
mados todos os anos, eles
são os melhores, e é por isso
que as seleções se renovam
com tanta qualidade todos
os anos”, explica César Be-
natti, o Feijão, técnico brasi-
leiro que atua no país do Tio
Sam há nove anos. Após
três anos em Nebraska,
desde 2014 ele está na
California State Uni-
versity Bakers-
field, é assisten-
te de voleibol
indoor e téc-
nico princi-
pal do time
de vôlei
de praia.

¬Taylor Sander foi
jogador do Sada
Cruzeiro

SEM LIGA, ESTADOS UNIDOS


EXPORTAM SEUS TALENTOS


MPaís tem um dos melhores trabalhos de base do planeta, e atletas universitários ganham oportunidade também na seleção


“No Brasil, ampliar o acesso seria


uma forma sustentável de reve-


lar mais atletas, realizando um


resgate esportivo nas escolas, on-


de a base é feita. É preciso encon-


trar uma forma de não afunilar o


número de praticantes tão cedo.”


Dega da Gama
Head coach da Southern New Hampshire University

ESTRUTURA


MAIS DE MIL JOGADORES POR ANO


Para se ter uma ideia da quantidade de equipes, o que influencia também a
qualidade, existem 334 times femininos e 39 masculinos na NCAA Divisão I,
a mais importante liga universitária local. Existem duas ligas além dessa,
que, sozinha, conta com mais de 3.000 atletas de 18 a 23 anos, com uma
média de quatro jogadores por time se formando a cada ano. Dessa forma,
entre 1.000 e 1.200 atletas são revelados todos os anos.

VÔLEI > TRABALHO DE EXCELÊNCIA


A estrutura das universida-
des supera a de muitos clu-
bes. “A fórmula de sucesso
passa diretamente por unir
esporte e educação. O vô-
lei universitário dos Esta-
dos Unidos cresceu muito
nos últimos dez anos. Duas
consequências foram o au-
mento do salário dos técni-
cos e o crescimento profis-
sional deles”, pontua Dega
da Gama, brasileiro que é
head coach da Southern
New Hampshire University.

Nova


chance


Em 2021, durante
um mês, os Estados
Unidos farão nova ten-
tativa de realizar uma
liga adulta.
A Athletes Unlimited
será uma competição fe-
minina com algumas es-
trangeiras, como a brasi-
leira Sheilla, que não re-
novou com o Itambé Mi-
nas. As atletas vão se re-
vezar entre equipes du-
rante o torneio. Outras
iniciativas não tiveram
êxito. (DO)

RAMON BITENCOURT - 5.12.

(^16) J&R SUPER NOTÍCIASEGUNDA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2020

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