Revista de Vinhos - Edição 371 (2020-10)

(Antfer) #1
FILIPA PATO & WILLIAM WOUTERS
Rua de Sto. André, 41
3780-502 Óis do Bairro - Anadia
T. 231 516 041 / E. [email protected]

Filipa reconhece ter sido através


de William que verdadeiramente


despertou para a mundividência


de abordagens aos vinhos, notando


que os biodinâmicos internacionais


que ia provando lhe pareciam ter


“uma alma diferente”.


abrir asas e voar sozinha. Em 2001
começou a materializar a elaboração
de vinhos próprios e quem os provava,
colheita após colheita, apercebia-se de
um caso sério.
À medida que as viagens para fora do
país se sucediam, na fervilhante cena
gastronómica da Bélgica (dos princi-
pais destinos internacionais de gastro-
nomia de autor e Michelin) cruzou-se
com William Wouters. Descendente
de uma família de restaurateurs, William é também sommelier con-
sagrado, já considerado o melhor daquele país, mantém quota no
restaurante Pazzo, em Antuérpia, e no currículo soma outras curio-
sidades, como ter sido o chefe das seleções belgas de futebol que dis-
putaram o Mundial do Brasil (2014) e o Europeu de França (2016).
William começou por conhecer os vinhos de Filipa. Seguiu-se o
enamoramento. Casaram-se em 2008, até 2014 dividiram-se entre
Portugal e a Bélgica antes de optarem por se fixar em definitivo na
Bairrada onde o sonho, que passou a ser de ambos, tem crescido de
forma sustentável.
A adega nasceu e tem crescido num espaço que a avô de Filipa
usava para fazer stocks. Nada de barricas, antes pipas, balseiros e
ânforas de barro. A cozinha da casa está transformada num aco-
lhedor espaço de visitas, com indisfarçáveis semelhanças à cozinha
e sala de um restaurante de autor. É a “praia” de William, que gosta

de receber e preparar ao detalhe cada
refeição, combinando-a com vinhos.
Filipa reconhece ter sido através de
William que verdadeiramente despertou
para a mundividência de abordagens aos
vinhos, notando que os biodinâmicos
internacionais que ia provando lhe pare-
ciam ter “uma alma diferente”.
Hoje, Filipa e William afirmam um
projeto muito sério, a partir do qual
estão a ser elaborados dos melhores
vinhos da Bairrada, apenas com recurso a castas nativas – Baga,
Bical, Arinto, Cercial e Maria Gomes. Curiosamente, a notoriedade
tem sido sobretudo alcançada em mercados internacionais, como os
EUA. Portugal representa somente 15% do negócio, que ainda pode
ser traduzido para números como 90.000 garrafas de produção
média anual (50.000 de espumante). O Filipa Pato 3B é dos mais
divulgados, mas esta reportagem e prova versa mais sobre outros
“4B”: Baga, biodinâmica, Bairrada e Bélgica.

@revistadevinhos outubro 2020 · 370 ⁄ Revista de Vinhos · 85

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