Clipping Banco Central (2020-10-15)

(Antfer) #1

Marta Pinheiro - Equidade no mercado financeiro


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Tendência e Debates
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Bolsa de Valores

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Autor: Marta Pinheiro


Referências femininas são essenciais para encorajar
mulheres a investir


Marta Pinheiro
Diretora de ESG ('Environmental, Social and
Governance’ - governança ambiental, social e
corporativa) na XP Inc.


É surpreendente —para não dizer chocante— saber que
nós, mulheres, só começamos nossa trajetória rumo à
independência financeira há pouco mais de 50 anos. O
dinheiro existe há séculos, o primeiro banco brasileiro
foi fundado há mais de 150 anos, mas apenas em 1962,
pelo Estatuto da Mulher Casada, as mulheres
conquistaram o direito de abrir' conta em banco sem
depender da autorização do parceiro. A igualdade
completa dos direitos civis só aconteceu com a
Constituição de 1988, o que ajuda a explicar o atraso do
mercado financeiro em equidade de gênero e, claro, a


urgência em falar sobre o tema.

De meados do século passado para cá, muitos outros
espaços foram ocupados por mulheres. Ainda em 1962,
também conquistaram o direito de trabalhar fora e, para
crescer na carreira, passaram a buscar formação
acadêmica. Desde então, essa participação vem
crescendo e se tornou predominante—o Censo Escolar
de 2016 mostra que 57,2% das matrículas em
universidades são preenchidas por mulheres.

No entanto, o ímpeto para quebrar barreiras e seguir
adiante não tem sido acompanhado pelas
oportunidades e, principalmente, por salários, que
seguem inferiores. Essa situação ganha contornos
ainda mais dramáticos se considerada a condição da
mulher negra no país. A pesquisa Desigualdades
Sociais por Cor ou Raça, conduzida pelo IBGE, revela
que, em 2018, pretas e pardas receberam 44,4% dos
salários de homens brancos, os mais bem remunerados
do pais.

Contudo, essa é uma pequena parte de uma conversa
que envolve milhões de outros desafios. Discutir
equidade de gênero e a situação particular da mulher
negra, que sofre com todo tipo de precarização na
inserção social e econômica no Brasil em qualquer
comparação à mulher branca, já não responde a todo o
escopo de discussões sobre gênero feminino.

Diante deste cenário complexo e desafiador, não é difícil
entender os motivos que levam a uma participação tão
tímida das mulheres no mercado financeiro, ainda que
venha crescendo.

Neste ano, a B3, Bolsa de Valores brasileira, registrou
presença recorde de CPFs femininos, correspondendo a
25,42% do total de investidores em setembro. No
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