Clipping Banco Central (2020-10-15)

(Antfer) #1

Candidaturas negras?


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Cida Bento


Os candidatos a cargos de comando das 95 maiores
cidades brasileiras continuam sendo majoritariamente,
homens e brancos, segundo matéria da Folha de 14 de
outubro. No entanto, vem se ampliando a presença
feminina e negra, revelando a importância do debate
sobre as desigualdades de gênero e raça, bem como de
ação afirmativa no processo de disputa eleitoral


Para entender melhor o significado das políticas de
ações afirmativas, contribui muito conhecer a história do
pais que cresceu e prosperou por quase 400 anos com
base na escravidão negra e que possui hoje índices de
desigualdades alarmantes.


Ações afirmativas visam reparação histórica e
ampliação da composição étnico-racial e feminina na
sociedade e nas instituições. Ou seja, está no território
de direitos e não de privilégios Assim, fez todo 0
sentido, quando, depois de muita luta do movimento
negro, a suprema corte determinou que é constitucional
o princípio da ação afirmativa, apartir de um caso levado
à corte discutindo 0 ensino superior.


Ainda assim, levantamento da Folha revela que 163
estudantes foram expulsos de universidades federais
desde 2017 por fraudes contra 0 sistema de reserva de
vagas e que, em geral, não há consequências legais
quando o fraudador é descoberto.

Estamos vivendo novamente este fenômeno agora,
após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) estabelecer
equidade racial na distribuição das verbas destinadas às
campanhas eleitorais. Segundo o site Notícia Preta, o
perfil dos candidatos das próximas eleições foi alterado,
já que mais de 10 mil candidatos mudaram o seu
pertencimento racial, passando de brancos para negros.

Comprando gato por lebre Nas capitais, 21% dos
candidatos negros a prefeito já se declararam brancos
em eleições anteriores. Já convivemos com partidos
cujos candidatos, no período eleitoral, iam à periferia
angariar votos, e nos programas televisivos escolhiam
pessoas negras para suas propagandas. Quando
eleitas(os), davam as costas à população e votavam
propostas que atendiam exclusivamente aos interesses
do que se costuma chamar de "mercado", derrubando
direitos duramente conquistados, quebrando redes
sociais de proteção, destruindo estruturas
governamentais onde se construíam políticas públicas
de promoção da equidade. Pior, que se omitiam, ou
apoiavam medidas genocidas contra população negra,
feminina, indígena e IGBTQIA+.

História e discurso Agora este cenário é mais complexo
e vários movimentos sociais estão lançando plataformas
para divulgar as histórias de trabalho efetivo de partidos
e candidatos com temas que fortalecem a democracia e
combatem desigualdades. Interessa menos o discurso
atual, que pode ser "de ocasião " e mais a história de
partidos e candidaturas com propostas de interesse dos
segmentos mais vulnerabilizados.

A crescente parcela da população interessada em levar
aos parlamentos e prefeituras pessoas realmente
comprometidas com o combate às desigualdades pode
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