Bancos ‘já cobram CPMF’, diz Guedes ao defender imposto
Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Economia
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
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Autor: MANOEL VENTURA
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem
que os bancos já cobram o que ele mesmo chamou de
CPMF, para defender o imposto sobre transações
financeiras e pagamentos eletrônicos que quer
implantar. Guedes afirmou que as instituições
financeiras são contra esse imposto porque “querem
beber água onde os bancos bebem”.
— Os bancos já cobram uma CPMF hoje. A Febraban
(Federação Brasileira de Bancos) é que mais subsidia
e paga todos os economistas brasileiros para dar
consultoria contra esse imposto, mas a Febraban está
fazendo isso porque querem beber água onde os
bancos bebem—disse o ministro, em seminário
organizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Gilmar Mendes.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que
é contra o imposto, também participou do evento.
Guedes disse que as taxas cobradas pelos bancos para
transferências, como a TED, são “dez vezes” maiores
que a alíquota do imposto que ele quer propor.
—Os bancos bebem essa água. Vejam aí as
transferências que vocês fizeram mês passado, e vão
ver que os bancos cobram 2%, 1%, 3%. A exceção é o
grande cliente. Mas o pequeninho que fizer a
transferência para o colégio, o dentista, fazendo TED,
essas transferências bancárias, você vai ver que o
banco cobra 2%, 1%, 3%. Quer dizer, dez vezes mais
que o imposto que nós estamos considerando —disse.
Procurada, a Febraban não se manifestou até o
fechamento desta edição.
COMO A EUROPA
Guedes, que pela manhã participou da reunião dos
ministros de Finanças do G-20, também defendeu um
imposto específico para big techs. O tema já é discutido
na Europa e na Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE). A França já
aprovou uma taxa sobre as operações das big techs no
país. O imposto defendido por Guedes poderia atingir
empresas como Google, Amazon, Facebook e Apple:
—Nós estamos observando o debate e fazendo
impostos bastante semelhantes aos que eles estão
fazendo.
O ministro disse ainda que a economia com a reforma
administrativa pode superar os R$ 300 bilhões
estimados por ele. Segundo Guedes, isso ocorreria por
causa da baixa reposição de servidores: