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Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Política
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Luiz Carlos Azedo


Desculpe-me o trocadilho, mas tem tudo a ver com a
velhafrase dos bares norte-americanos que nas
décadas de 1930 e1940 ofereciam a refeição para quem
pagasse a bebida. Ficoumundialmente famosa porque
intitulou um dos livros do economista liberal Milton
Friedman, guru do ministro da Economia, Paulo
Guedes. A lembrança não tem nenhuma relação direta
com suas frases de efeito, até porque, ele tem evitado
declarações polêmicas, mas, com o artigo publicado,
ontem, pelaeconomista Mônica de Bolle no jornal O
Estado de S. Paulo, apropósito dos custos econômicos
do negacionismo de DonaldTrump em relação à
pandemia. Os custos políticos podem inviabilizar a
reeleição dele.


Segundo os economistas norte-americanos David Cutler
eLady Summers, citados no artigo, a queda do PIB
norte-americano deve chegar a US$ 16 trilhões até
outubro do próximoano, ou seja, 90% do PIB, se a
pandemia for controlada até lá.Nos cálculos dos dois
economistas, foram incluídos os indicadores


econômicos, como o aumento dos pedidos de seguro
desemprego, mas, também, estimativas relativas aos
prejuízoscausados pela liquidação de vidas humanas,
ou seja, de forçade trabalho geradora de riqueza.

O Brasil não tem indicadores que possibilitem esse tipo
decálculo, mas tem estatísticas que podem servir de
referênciapara um razoávelbalanço de perdas edanos.
Pesquisadora do Peterson Institute for International
Economics eprofessora daSais/Johns
HopkinsUniversity, MônicaDe Bolle destacaqueo nosso
SistemaÚnico de Saúde(SUS), posto à provapela
pandemia, pode nos dar uma noção, por exemplo,
dequanto será precisoinvestir na Saúde emrazão das
sequelasda covid-19 nas pessoas que se recuperaram
da doença.Como a populaçãoestá envelhecendo,a
pandemia também agrava, por falta de tratamento,
asdoenças associadasà idade — diabetes,câncer,
cardiopatias —, que se somam àquelas que são
consideradas endêmicas, como tuberculose, dengue,
hanseníase,malária e Aids, que já pressionavam o
sistema de saúde.

Crediário

O número de casos graves com longas internações é
sete vezesmaior do que o de óbitos; 30%dosque
sobreviveram a presentamsequelas. Projetam-se 350
mil pessoas nessa situação, a
grandemaioriadependentedoSUS.Commaisde150milmor
tos,MônicadeBolle estima que o custo econômico da
pandemia no Brasil,por baixo, pode chegar a R$ 9
bilhões, sem considerar as mortesprematuras, ou seja,
dos jovens que não faziam parte da população de risco.
Coincidentemente, ontem, num evento da Federação
das Indústrias do Rio de Janeiro(Firjan),o presidente
Jair Bolsonaro disse que a pandemia da covid-19 no
Brasil foi superestimada. Bolsonaro insiste que o vírus e
o desemprego devem sertratados de igual maneira,
simultaneamente.
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