Clipping Banco Central (2020-10-15)

(Antfer) #1

Inflação dos pobres supera a dos ricos


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Economia
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Ipea

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Autor: » VERA BATISTA


O custo de vida subiu para todos. Quem menos ganha,
no entanto, teve mais dificuldade de colocar comida na
mesa. Dados do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de
Renda, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), apontam que, de janeiro a setembro deste ano, a
inflação para a população com renda muito baixa
chegou a 2,5%, o que significa mais de oito vezes a
registrada para a parcela de renda alta (0,2%). No
acumulado de 12 meses, de outubro de 2019 a
setembro de 2020, a inflação cresceu em todas as
faixas da população, mas foi maior (4,3%) para a classe
de renda muito baixa, e menor para a parcela mais rica
(1,8%).


Somente em setembro, a variação de preços dos
produtos consumidos pelos mais pobres foi de 0,98%,
bem acima da verificada para a classe mais rica
(0,29%). No primeiro grupo estão famílias com
rendimentos domiciliares mensais de até RS 1.650,00.
No outro, as com ganhos que ultrapassam RS
16.509,66 por mês. O que pesou mais, entre os que


recebem menos, representando quase 75% da taxa de
inflação, foram alimentos e bebidas, principalmente
arroz (18%), óleo de soja (28%) e leite (6%), além de
materiais de limpeza (1,4%) e gás de botijão (1,6%).

No caso dos mais ricos, o impacto de alimentos e
gasolina (2%) foi atenuado pelo recuo nos planos de
saúde (-2,3%) e nas mensalidades de cursos diversos,
como os de idiomas (-1,5%) e informática (-1,6%).

No ano, a desaceleração dos preços dos serviços
também proporcionou um alívio aos mais ricos: os
serviços livres registraram deflação de 0,05%, devido,
principalmente, às passagens aéreas (-55%), preços de
hospedagem (-9%) e mensalidades das creches (-
1,7%).

Na comparação com setembro de 2019, a inflação das
famílias de menor renda avançou mais — comum salto
de -0,10% para uma alta de 0,98% —, enquanto para a
classe mais rica a evolução foi menos significativa (0,27
ponto percentual).

Futuro incerto

Especialistas têm opiniões divergentes quanto às
perspectivas de melhoras na vida cotidiana dos mais
pobres, por causa do perfil de consumo dessas famílias,
que têm nos alimentos o maior peso dos gastos. Jason
Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, prevê que,
em 2020, a inflação chegue a 2,5%, subindo para 3,5%,
em 2021. “A taxação dos produtos básicos é bastante
elevada. E como a reforma tributária ainda não
avançou, os impostos em escala afetam muito os
orçamentos. Não importa se o vilão, agora, foram
alimentos e bebidas. Os mais pobres, no geral, perdem
mais com o aumento do custo de vida e isso não deve
mudar no curto prazo”, ressaltou Vieira.
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