Clipping Banco Central (2020-10-15)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Destaques Jornais
Nacionais

"Não é correto que numa emissora estatal se faça
adulação para prestigiar o presidente da República,
assim como não é correto nem ético o uso de qualquer
equipamento público para favorecer a imagem pessoal
de um funcionário público. O Estado tem dever de
impessoalidade", afirmou o jornalista e professor da
ECA-USP Eugênio Bucci.


Filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro
(PSL-SP) compartilhou no Twitter números de audiência
da TV Brasil durante o jogo a emissora pública tinha
12,8% do total da audiência em Brasília às 22h12, na
frente da Record (3,6%) e atrás da Globo (23%), líder
dos canais abertos.


A Kantar Ibope Media, que faz a medição da audiência,
confirmou os números publicados pelo deputado. Além
disso, divulgou que a transmissão do jogo pela TV Brasil
registrou uma média de audiência de 6,59 pontos. Em
Brasília, o índice representa 66.284 mil televisores
ligados na partida.


A transmissão do jogo foi elogiada por governistas e
muitos destacaram os picos de audiência da emissora
que o chefe do Planalto já prometeu extinguir ou
privatizar. Não faltaram, porém, críticas da oposição,
que viu um tom eleitoreiro na exibição da partida.
Também no Twitter, o deputado Kim Kataguiri (DEM-
SP) usou de ironia para comentar a partida. "Jogo da
seleção passando no canal estatal. Narrador mandando
abraço pro presidente. No intervalo, notícias do
governo. Não, você não está na Coreia do Norte, é o
Brasil mesmo", escreveu ele.


Ao ser eleito em 2018, Bolsonaro prometeu privatizar ou
mesmo extinguir o canal oficial do governo. Nas redes
sociais, internautas compartilharam vídeos com
declarações do presidente sobre o assunto.


Negociação. Wajngarten conduziu as negociações para
que a TV Brasil transmitisse a partida, tratando
diretamente com o secretário-geral da CBF, Walter
Feldman. Após o governo federal fazer o pedido de
transmissão à confederação, a resposta foi que os
direitos do jogo pertenciam à Federação Peruana de


Futebol, por meio de sua representante, a GolTV Peru.

A CBF, no entanto, abriu negociação direta com a
Federação Peruana. Restando pouco mais de uma hora
para o início da partida, a entidade, então, conseguiu a
liberação dos direitos desde que o jogo fosse
transmitido exclusivamente por uma TV pública e
também pelo site oficial da entidade.

A TV Globo tem o direito de transmitir os jogos das
seleções brasileira e argentina como mandantes nas
Eliminatórias e não chegou a um acordo para a partida
de anteontem contra o Peru.

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ANÁLISE: Carlos Eduardo Lins da Silva

Arranjo entre CBF e TV Brasil é obscuro e lembra
chavismo

Nem a Confederação Brasileira de Futebol nem a TV
Brasil são entidades a serviço do governo federal. Muito
menos do presidente da República.

O arranjo obscuro feito entre as duas para a
transmissão, anteontem, do jogo entre as seleções
brasileira e peruana em Lima teve entre seus
resultados, no entanto, beneficiar a imagem de Jair
Bolsonaro.

A CBF é uma associação privada. O histórico policial de
alguns de seus ex-presidentes, como Ricardo Teixeira,
José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, mostra que
ela com frequência esteve envolvida em crimes.

Mas, na medida em que esses delitos não envolvam
dinheiro do erário do País, o problema é entre ela e as
autoridades encarregadas de fazer cumprir-se a lei.

A TV Brasil é outra história. Ela pertence a uma
empresa (EBC), operada pelo Poder Executivo nacional
com dinheiro dos impostos pagos por todos os cidadãos
brasileiros, a quem ela deve servir e oferecer
explicações sobre seu uso.
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