Clipping Banco Central (2020-10-16)

(Antfer) #1

Renda com foco


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Produto Interno Bruto

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Desenho de novo programa social deve começar pelo
público-alvo, não pelo volume de recursos


O debate em torno de políticas governamentais no
Brasil não raro se transforma numa corrida por mais
dinheiro, sem análise de viabilidade e consequências.
Ganha o político que propuser valores maiores, na
premissa de que mais gastos sempre serão populares.


O padrão se repetiu até aqui no debate a respeito de um
novo programa, o Renda Cidadã, para substituir o
auxílio emergencial a partir do próximo ano. O
presidente Jair Bolsonaro, com a reeleição em mente,
sinaliza que não aceitará nada menos que R$ 300
mensais por pessoa nem uma reorganização de
programas menos eficazes.


No Congresso, da mesma forma, busca-se inflacionar a
cobertura, sem grandes preocupações a respeito dos
limites orçamentários e dos riscos do elevado
endividamento público para a economia, cuja
instabilidade sempre prejudica, cedo ou tarde, os mais
pobres.


A relutância de Bolsonaro em tratar do tema antes das
eleições municipais ao menos dá margem para que as
vozes responsáveis tentem colocar o debate no trilho
certo, que consiste em pensar primeiro no público a ser
contemplado e no potencial de redução da pobreza.

Tal quantificação se mostra ainda mais necessária e
oportuna num

país em que a dívida pública se aproxima de 100% do
Produto Interno Bruto. Desenhado às pressas, por
razões compreensíveis, o auxílio emergencial de R$
600 mensais contribuiu decisivamente para mitigar as
crises, mas seu custo seria excessivo em base
permanente.

Não resta dúvida, de todo modo, de que há potencial
importante de redução da pobreza a partir de uma
reformulação do Bolsa Família.

A pandemia revelou os chamados cidadãos invisíveis e
deixou mais evidente a insegurança de renda que aflige
os trabalhadores informais. Por fim, o grupo mais
atingido pela pobreza ainda é o infantil.

Com tal realidade em mente, é possível tornar mais
eficiente o gasto assistencial, mirando com maior
precisão os beneficiários.

Existem já propostas bem-acabadas nesse sentido, mas
as que se mostram responsáveis não temem tocar na
necessidade de rever programas menos eficientes,
como o abono salarial.

O país deve ampliar a seguridade, mas é preciso fazê-lo
sem afrontar a responsabilidade orçamentária e o teto
de gastos. Essa condição demanda um debate sobre
fontes de recursos tendo em mente objetivos realistas,
sem a ilusão de que o Orçamento desconhece limites.

Assuntos e Palavras-Chave: Banco Central - Perfil 1 -
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