Clipping Banco Central (2020-10-16)

(Antfer) #1

A crise política da roubança na Covid


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Vinícius Torres Freire


A história repugnante do dinheiro sujo do senador Chico
Rodrigues (DEM-RR) e o fato de essa criatura ser
amiga de Jair Bolsonaro ofuscaram um outro fato. O
político é acusado de desviar recursos para o combate à
Covid, que teria destinado a empresas de parentes e
agregados.


Acusações de roubança de dinheiro reservado para
atenuar a epidemia ameaçam o mandato de pelo menos
cinco governadores, três deles da "nova política". A
cúpula de pelo menos nove governos estaduais é
investigada, além de dezenas de prefeituras.


Além do problema do roubo, em si, essas crises político-
policiais explicitam mais uma vez quão longe do fim está
a ruína brasileira.


Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, foi afastado, deve ser
deposto e provavelmente preso. Foi surfista eleitoral do
bolsonarismo e é do PSC, partido religioso agregado do
governo.


O impeachment quase certo de Carlos Moisés, de Santa
Catarina, deve ser votado na quarta-feira que vem. É do
PSL que elegeu Bolsonaro, partido ora cortado ao meio
feito uma laranja.

Um processo de impeachment contra Wilson Lima, do
PSC do Amazonas, foi arquivado pelo voto de
deputados estaduais, mas o governador é investigado
pela Polícia Federal, que uma vez pediu sua prisão,
negada pelo ST J. Sua secretária de Saúde passou um
tempo na cadeia.

Ibaneis Rocha, do Distrito Federal e do MDB, toureia a
Câmara Legislativa (a Assembléia distrital) afim de
evitar a CPI da Pandemia e abanar fumaças de
impeachment. Seu secretário de Saúde foi preso. Sim,
rolos nos negócios da Covid.

Embora não se saiba a dimensão dos desvios, roubou
se de tudo um pouco na pandemia, em vilarejo e em
capital de estado: na compra de máscaras, aventais,
fraldas para pacientes, testes, vários fajutos, e de
respiradores, alguns imprestáveis.

Roubou-se, diz a polícia, na contratação de leitos de
hospitais particulares, de hospitais de campanha e de
organizações sociais privadas que deveríam gerir a
saúde de modo mais eficiente. Hum.

A súbita fartura de dinheiro e as contratações
emergenciais facilitaram a lambança, embora não a
expliquem. Os seis anos de lavajatismo não passaram o
país a limpo, claro, e a administração pública continua
uma zorra mesmo quando não se rouba, vide o caso de
tanto estado criminosamente falido.

A roubança, por si só, não explica a derrubada de
governadores. O farisaísmo e a demagogia moralista
ajudaram a levar ao poder gente sem articulação social
e política, sem conexões com quadros administrativos e
intelectuais relevantes, quando não evidentemente
lunática.
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