Clipping Banco Central (2020-10-16)

(Antfer) #1

Novo escândalo serve de alerta sobre Centrão


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Opinião
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Bolsonaro deveria usar caso da cueca do senador Chico
Rodrigues para rever sua aliança com o fisiologismo


Já houve assessor de parlamentar — o hoje deputado
federal José Guimarães (PT-CE) — preso em 2005 com
dinheiro na cueca. O primeiro mandato de Lula passara
da metade, e Guimarães, então deputado estadual,
ainda não era líder do partido na Câmara. Agora, a cena
se repete com um senador, Chico Rodrigues (DEM-RR),
apanhado na mesma situação pela Polícia Federal em
Boa Vista, por uma das várias operações lançadas
Brasil afora para investigar o desvio de dinheiro público
destinado a enfrentar a Covid-19.


Desta vez, o impacto dos estilhaços sobre a imagem do
presidente da República é imediato. Chico Rodrigues
era até ontem vice-líder do governo no Senado — foi
destituído com o escândalo. Tinha grande proximidade
com Bolsonaro, tanto que emprega em seu gabinete
Leo índio, primo dos filhos do presidente. Num vídeo em
que confraterniza com ele, Bolsonaro diz que os 20
anos de amizade entre os dois são “quase uma união


estável”. O afago é correspondido por Rodrigues com
elogios. No seu entender, Bolsonaro no governo
simboliza “princípios e valores da família e a retomada
da moralidade”. Até aí, seria apenas constrangedor
demais para o presidente.

Só que o desmascaramento de um político do círculo
bolsonarista ocorre pouco tempo depois de Bolsonaro
ter soltado a bravata de que “acabou com a Lava-Jato”
por não haver mais corrupção no governo. Nem
Rodrigues faz parte do Executivo, nem Bolsonaro pode
acabar com a Lava-Jato. Mas o flagrante de um político
da base do presidente, tão ligado a ele, põe novamente
em xeque a já exígua credibilidade das promessas
bolsonaristas de combater os assaltos ao contribuinte.

Não bastassem as dificuldades de filhos e amigos com
o Ministério Público e a Justiça, o novo escândalo
demonstra o risco envolvido na aproximação entre
Bolsonaro e o Centrão. Buscar sustentação parlamentar
é legítimo e natural numa democracia. O perigo é
quando a moeda usada na negociação escapa ao
campo da ética.

Depois de já ter recebido cargos no governo, o Centrão
agora pressiona Bolsonaro para começar a desmontar a
super pasta da Economia, do ministro Paulo Guedes.
Quer arecriação dos ministérios do Trabalho e do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
convertidos em secretarias e abrigados sob Guedes. A
reivindicação atende à lógica de abrir espaço a
nomeações e permitir chances múltiplas de ajuda
remunerada a quem precisa de algum jeitinho para
resolver dificuldades nas repartições e empresas
públicas. Foi exatamente esse o enredo reproduzido
pelo senador do DEM de Roraima.

Bolsonaro está diante de um dilema. Ou bem esvazia
Guedes para satisfazer ao Centrão e enfrenta
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