O protagonismo do Congresso
Banco Central do Brasil
O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Reforma da Previdência
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No ano passado, o Congresso assumiu, de forma
responsável e diligente, a tarefa de aprovar a reforma
da Previdência. Durante a tramitação da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, ficou evidente
que o Legislativo estava mais comprometido com a
mudança das regras previdenciárias que o próprio
governo federal, autor da proposta. Agora, tem-se uma
real possibilidade de que a dinâmica se repita, com o
Legislativo assumindo o protagonismo da reforma
administrativa, enquanto o Executivo titubeia perante
medidas impopulares para alguns setores.
No início de setembro, o governo apresentou ao
Congresso sua proposta de reforma administrativa.
Além do imenso atraso com que o texto foi apresentado
- desde novembro de 2018 integrantes da equipe do
então presidente eleito prometiam uma profunda
reforma da administração pública -, surpreendeu o
acanhamento das medidas. A PEC 32/2020 propõe
mudanças apenas para os futuros concursados e não
mexe com a elite do funcionalismo - militares,
promotores, juízes e parlamentares.
Ante essas limitações do texto original da PEC 32/2020
- que podem agravar a desigualdade entre os quadros
públicos -, o Congresso dá sinais de que deseja uma
reforma mais robusta e equilibrada. Por exemplo, no
início do mês, a Frente Parlamentar Mista da Reforma
Administrativa no Congresso Nacional lançou uma
agenda com quatro itens prioritários para a reforma
administrativa. Entre outras medidas, o documento
defende a inclusão na reforma administrativa dos
atuais servidores públicos e dos chamados "membros
de poderes", como magistrados e parlamentares.
O primeiro ponto da agenda da Frente Parlamentar
refere-se à redução das distorções. Segundo o
documento, é preciso "diminuir as disparidades de
salários e benefícios entre cargos similares nos setores
público e privado, e reduzir as distorções existentes
dentro da própria administração pública, entre esferas e
poderes".
Em seguida, vem a modernização dos processos de
gestão de pessoas, para aperfeiçoar, por exemplo, a
avaliação de desempenho e as regras de desligamento.
O terceiro ponto, de especial interesse para o próprio
funcionalismo, é a criação de um ambiente de maior
segurança jurídica no serviço público. Atualmente, a
complexidade das regras e a aplicação
demasiadamente subjetiva por parte dos órgãos de
controle favorecem, muitas vezes, a inação. Por receio
de eventual penalidade, o servidor opta por não agir.
O quarto ponto do documento diz respeito à
modernização da gestão organizacional. Os
parlamentares integrantes da Frente buscam que a
reforma institua práticas que possam aumentar a
eficiência dos órgãos da administração pública,
proporcionando, assim, melhores serviços à sociedade.
Em especial, a Câmara dos Deputados tem se mostrado
atenta ao tema da reforma administrativa. No mês
passado, a Casa apresentou proposta de reforma
referente aos seus quadros, que pode gerar economia
anual de R$ 400 milhões. Entre as mudanças propostas
estão a extinção de 1.000 cargos efetivos e de 500