Clipping Banco Central (2020-10-16)

(Antfer) #1

ANDRÉ FRAN - Brasil ou Coreia do Norte?


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: ANDRÉ FRAN


Sou daqueles que para tudo paraver um jogo da
Seleção Brasileira. Ou era. De uns anos para cáesse
sentimento tem se esvaziado.Mas, se teve um episódio
que sacramentou esse afastamento de minhagrande
paixão foi essa partida das Eliminatórias entre Brasil e
Peru terça.


Após um dia cansativo, resolvi ligar a TV. Primeiro, o
choque ao constatar que teria de assistir à peleja pela
TV Brasil. Soube depois que aCBF, sempre ela,
atendendo a pedido do governo, articulou com a
federação peruana, conseguindo que aemissora estatal
fosse a única a transmitir em canal aberto. Um
sentimento estranho logo de cara. Mas foi alipelos 30 do
segundo tempo que veioo choque: entre um chute do
Neymar eum drible do... (esqueci os outros jogadores).
Enfim, em plena transmissão onarrador mandou
saudação especialpara o presidente! Se o momento
atualme afastava cada vez mais do carinhopela seleção
de meu imaginário infantil, dessa vez a minha mente
viajou paraoutros países onde vivi experiências ligadas


ao futebol.

Lembrei do Irã. Em uma de minhasmais recentes
passagens pelo país, perguntei se seria possível assistir
a umapartida no Estádio Azadi (“Liberdade”), em Teerã,
que abriga partidas comquase 100 mil torcedores... “E
nenhumatorcedora”, lembrou a amiga iranianaque me
acompanhava. “Por culpa do governo, não é um bom
momento para ofutebol.” Ela não se referia apenas à
lamentável proibição de mulheres frequentarem
estádios de futebol há anos,mas à morte da torcedora
que ficou conhecida mundialmente como “MeninaAzul”,
cor do seu time de coração. SaharKhodayari morreu
após atear fogo aopróprio corpo por ter sido condenada
àprisão por tentar adentrar as arquibancadas do Azadi
vestida de homem.

O grande rival do Irã na guerra de influência no Oriente
Médio é outro regime ditatorial e totalitário, a Arábia
Saudita. País onde tive a oportunidade deconferir ao
vivo um clássico entre Al Hilal e Al Ittihad em um
momento crucialonde se celebrava o retorno (cheio
derestrições) das mulheres aos estádios.O esporte está
sendo usado hoje comopropaganda do projeto “Visão
2030”que procura acabar com a dependênciado
petróleo passando um “verniz” denormalidade e
abertura no reino.

Quando estive em Cuba, não deu paraver jogo de
futebol. Afinal, esse não é oforte do país. Mas fui de
ônibus no meioda galera conferir o grande
confrontoesportivo local: a disputa no beisebol entre o
“Havana Industriales” e o “Santiago Avispas”. No trajeto,
o radinho ia dando a escalação das equipes entre
saudações a “el comandante”, Fidel Castro.No intervalo,
o telão do estádio exibiuuma entrevista com o então
presidente,Raul Castro.

Foi no telão de outro estádio, dessavez em Moscou, que
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