Clipping Banco Central (2020-10-16)

(Antfer) #1

PEDRO CAMARGO NETO - Fake food


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Em época de fake news temos visto crescerem as fake
food. Destinadas aos vegetarianos, ou veganos,
procuram oferecer a esses consumidores os paladares
dos produtos de origem animal.


Trata-se de produtos com processamento industrial
substituindo alimento natural. Parece-me no mínimo
uma incoerência a um grupo de consumidores que
sempre se pautou por uma proposta filosófica que vai
mesmo além da questão alimentar.


Com o passar do tempo, hábitos alimentares se
transformam. Os motivos são diversos desde um maior
poder aquisitivo, que facilita o acesso a alimentos mais
dispendiosos, o aparecimento de alimentos
provenientes de avanços tecnológicos reduzindo custos
bem como o desenvolvimento de logísticas de
distribuição, até uma natural crescente sofisticação
alimentar resultado do processo de globalização.


Passar de alimentos de origem animal para a vegetal já
ocorreu antes. Talvez o melhor exemplo seja a entrada
do óleo vegetal que praticamente substituiu a banha de
porco na cozinha, e a margarina, que ocupou parte do


espaço da manteiga. Essa substituição nada tem a ver
com o fenômeno das fake food.

Os vegetais têm méritos indiscutíveis e paladares
excepcionais. Folhas, vagens, tubérculos, sementes,
frutas e flores sempre tiveram seu lugar na mesa,
sozinhos, ou somado às carnes e peixes e seus
derivados, na procura de uma dieta equilibrada,
proporcionando nutrição e prazer gastronômico. São
fontes de proteínas, fibras, carboidratos, vitaminas e
nutrientes vários. Os paladares são diversos e,
certamente, capazes de proporcionar grande satisfação.
Por que procurar um paladar outro, fake?

Não quero entrar na ampla defesa que uma dieta
equilibrada deve incluir o consumo de carnes em
especial para crianças e idosos. Deixo para os
profissionais da saúde. Restrinjo os comentários ao lado
fake da atual proposta.

Começam por se apropriarem das denominações e
imagens dos produtos de origem animal. É o burguer
vegetal, e não massa de grãos e legumes com poder
alimentício capaz de saciar a fome, produzido de
maneira industrial com a inclusão de aditivos e
conservantes.

As qualidades organolépticas dos produtos de origem
animal são inúmeras. Os diversos cortes bovinos têm
características distintas. As diversas opções para carne
assada ou de panela, a fraldinha para o churrasco, o
quibe cru e sempre o bom bife.

Os pescados também podem ser fritos, assados,
cozidos, defumados ou mesmo crus. A diferenciação de
pala- dar se encontra hoje se forem de aquacultura ou
pesca extrativa. Frangos, patos e perus cada um tem
suas propostas mais habituais de preparo.

A carne de porco perdeu a banha e passou a ser
conhecida como de suíno perdendo o preconceito que
existia quanto à higiene.
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