Clipping Banco Central (2020-10-16)

(Antfer) #1
Vencimento de títulos no início de 2021 põe governo e investidores em
alerta

Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
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Autor: Adriana Fernandes / BRASÍLIA


O Tesouro Nacional vai enfrentar um enorme desafio no
início do ano que vem. Uma fatura de R$ 643 bilhões
em dívidas do governo federal vence entre janeiro e
abril. O valor é mais que o dobro da média registrada
dos últimos cinco anos. Em quatro meses, o Tesouro
terá de pagar aos investidores o equivalente a 15,4% da
dívida interna brasileira, num momento em que cresce a
desconfiança com a sustentabilidade das contas
públicas. Para pagar essa dívida, o governo precisa se
financiar ainda mais e há desconfiança entre
economistas sobre a capacidade de o País de emitir
títulos diante da incerteza do ajuste nas contas públicas.


O Banco Central já até deu um nome para o nó que
terá de ajudar a desatar: choque fiscal. A situação se
agravou nos últimos meses por dois motivos. Com a
pandemia, o governo teve de gastar mais e a dívida
pública deve chegar no fim do ano ao equivalente a
100% do PIB, considerado um patamar muito alto para


países emergentes. Seria uma situação contornável se
os investidores vissem perspectiva de reversão a médio
e longo prazos.

Mas teme-se que eventuais medidas populistas para
reeleger o presidente Jair Bolsonaro impeçam um ajuste
nas finanças públicas. A demora da resposta à piora
das contas e o adiamento pelo presidente sobre o
modelo de financiamento do novo programa social
substituto do Bolsa Família para depois das eleições
alimentou o clima de nervosismo no mercado.

Diante do aumento da percepção de risco de
deterioração das contas públicas, o Tesouro enfrenta
dificuldades crescentes para vender títulos de longo
prazo. Passou a vender títulos com prazo cada vez mais
curto, de seis meses (com vencimento em abril) a um
ano (outubro), ao mesmo tempo que precisava financiar
um déficit cada vez maior, resultado dos gastos na
pandemia. O quadro fiscal acabou provocando uma
forte concentração de vencimentos nos primeiros meses
de 2021. Esse volume pode aumentar ainda mais até o
fim do ano porque o Tesouro continua tendo de buscar
financiamento por meio de papéis com prazos curtos.

“O encurtamento do prazo de emissão e o consequente
aumento da concentração de vencimentos em 2021
representa uma estratégia arriscada. Caso a situação
fiscal continue incerta ou haja um evento de risco
(externo ou interno) no início do próximo ano, o Tesouro
se veria numa situação de ter de rolar volumes elevados
a qualquer preço”, avaliou Sergio Goldenstein, analista
independente da Omninvest e ex-chefe do
Departamento de Operações do Mercado Aberto
(Demab) do BC. Ou seja, teria de pagar mais, elevando
o risco da dívida sair do controle, em um círculo vicioso
de deterioração das finanças que pode obrigar até
mesmo o Banco Central a aumentar os juros básicos
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