Clipping Banco Central (2020-10-16)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

caso a inflação saia do controle.


Vendas. A pedido do Estadão, o Tesouro detalhou os
vencimentos nos primeiros quatro meses do ano com
base nas vendas de papéis de setembro e outubro,
quando a situação piorou e o governo teve de acelerar
as captações com prazos mais curtos. Até para as LFTs
(atrelados à taxa básica de juros), títulos considerados o
porto seguro da dívida, os investidores passaram a
cobrar um deságio (uma remuneração adicional como
prêmio de risco).


Num único mês, em abril, os vencimentos somarão R$
315 bilhões. É quase o mesmo volume de todos os
vencimentos do primeiro quadrimestre deste ano: R$
356,8 bilhões. Em 2018, os vencimentos dos títulos
somam R$ 275,4 bilhões até abril. Para se ter uma ideia
do tamanho dos vencimentos no início do ano que vem,
2020 começou com uma necessidade de financiamento
total da dívida interna em mercado de R$ 808,2 bilhões.


O subsecretário da dívida pública do Tesouro, José
Franco de Morais, garantiu que até o final de dezembro
o governo terá em caixa todo o dinheiro necessário para
pagar os vencimentos dos primeiros quatro meses do
ano. Essa reserva, apelidada de colchão de liquidez da
dívida, permite ao Tesouro não fazer leilões de venda
para a rolagem da dívida em caso de turbulência maior
no mercado que dificulte o financiamento.


Rolagem é o termo usado para a troca de títulos
vencidos de uma dívida velha por títulos novos a
vencer. Segundo Morais, o colchão reduz o risco de
financiamento da dívida. O colchão foi reforçado
também com a transferência de R$ 325 bilhões do lucro
do BC para o Tesouro.


Risco de concentração


“Aumento da concentração de vencimentos em 2021
representa uma estratégia arriscada.”
Sergio Goldenstein
ANALISTA DA OMNINVEST

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ENTREVISTA


Affonso Celso Pastore, economista, ex-presidente do
BC

‘A solvência do governo está em risco’

BRASÍLIA


Ex-presidente do Banco Central, o economista Affonso
Celso Pastore avalia que a forte concentração de
vencimentos de títulos do Tesouro Nacional no início de
2021 é um problema “seriíssimo” de administração da
dívida pública.

Ao Estadão, Pastore diz que o presidente Jair
Bolsonaro, senadores e deputados têm feito “ouvidos
moucos” aos riscos fiscais para a economia.


  • O que está acontecendo no mercado de dívida?


A percepção de risco de solvência do governo piorou
enormemente. No ano passado, a dívida bruta fechou
em 78% do PIB. Ela vai fechar esse ano perto de 100%.
O déficit primário vai ser 15% do PIB e o governo vai
colocar uns 15% a mais de dívida. E o Tesouro tem de
rolar toda a dívida que está vencendo. Como o risco de
solvência aumentou, o mercado demanda um prêmio
muito alto para comprar os papéis. Quanto mais longo,
mais alto o risco. Para não aumentar mais o custo e
piorar a dinâmica da dívida, o Tesouro está optando por
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