Clipping Banco Central (2020-10-17)

(Antfer) #1

JOAO GABRIEL DE LIMA - O grid de largada e a 'escuderia Bolsonaro


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
sábado, 17 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Os dias anteriores às eleições municipais são úteis para
que o eleitor compare os candidatos. O monitor do
Estadão fez um excelente cotejo de propostas, e esta
coluna iniciará na próxima semana uma série de
podcasts sobre os principais temas do debate.


Existe, no entanto, outro aspecto nas eleições
municipais brasileiras. Descasadas das federais e
estaduais, elas definem uma espécie de "grid de
largada" para o próximo pleito presidencial. Prefeitos de
grandes capitais se credenciam automaticamente a
disputar o Planalto - como ocorreu recentemente com
Fernando Haddad. O xadrez das prefeituras também
define, entre as candidaturas presidenciais já
insinuadas, quem jogará com vantagem.


O tabuleiro deste ano apresenta um componente extra.
O presidente da República não tem partido e é
candidatíssimo à própria reeleição. Em que condições
ele vai emergir dos pleitos municipais?


Bolsonaro tem sido objeto de estudo de vários cientistas
políticos, entre eles Fernando Guanieri, do Instituto de
Estudos Sociais e Políticos da Uerj. Guarnieri descarta


as explicações simplistas para a vitória do presidente
em 2018, que repetem clichês como a polarização
política ou o antipetismo. Seus estudos, em parceria
com outros cientistas políticos de renome, mostram que
um fator determinante foi a fragmentação - e depois a
implosão - das direitas.

"Nem Alckmin, nem Amoêdo, nem Meirelles criaram
candidaturas com chances de vitória. No final,
Bolsonaro passou a ser a única alternativa viável para o
eleitor à direita do espectro político", diz Guamieri,
personagem do minipodcast da semana. Tal eleitor,
segundo mostram os estudos, votou em Bolsonaro
mesmo discordando de algumas de suas teses, como a
defesa da ditadura militar ou a liberação do porte de
armas. As pesquisas atestam que tais idéias são
minoritárias entre os brasileiros.

Em 2018, Bolsonaro unificou as direitas. Agora, depois
de eleito, vem falando prioritariamente para apenas uma
delas - a que os memes dos seus correligionários
chamam de "direita de verdade". Segundo Guanieri, o
presidente trabalha para criar um bloco parlamentar que
represente a tendência. Aproximou-se de dois partidos,
o PP e o Republicanos, além de cortejar o Centrão. N
esta semana, como mostrou reportagem do Estadão, o
bloco bolsonarista pressionou o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia, para colocar em votação as pautas
conservadoras caras ao presidente.

No grid de largada municipal, os dois pilotos da
"escuderia Bolsonaro" seriam Marcelo Crivella e Celso
Russomanno, ambos do Republicanos, candidatos
respectivamente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

As direitas, no entanto, podem se fragmentar de novo
nas eleições municipais. Guanieri vê vários políticos
posicionando seus bólidos na pista. Ele cita os casos de
João Doria, que tem usado a estrutura do PSDB para
turbinar postulantes a prefeituras no Nordeste, ou o
próprio general Mourão, que vem fortalecendo seu
PRTB ao aparecer na propaganda de candidatos do
partido. Nas esquerdas j á se vê também fragmentação,
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