Senadores se articulam para retardar votação no caso do dinheiro na
cueca
Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
sábado, 17 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Destaques Jornais
Nacionais
Clique aqui para abrir a imagem
Autor: Iara Lemos, Ricardo Delia Coletta e Matheus
Teixeira
Para retardar a votação de afastamento por 90 dias do
senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com
dinheiro escondido na cueca e entre as nádegas,
parlamentares da Casa articulam um movimento para
que a análise seja feita primeiro no conselho de ética.
Os congressistas falam em mandar um recado ao STF
(Supremo Tribunal Federal) para limitar a ação do
Judiciário sobre o Congresso. Na quinta (15), o ministro
Luís Roberto Barroso determinou o afastamento de
Rodrigues.
O silêncio do presidente da Casa, Davi Alcolumbre
(DEMAP), em relação ao caso tem irritado senadores,
que dizem esperar uma resposta ao que consideram
interferência da corte no Senado.
Cabe à Casa a palavra final sobre manter ou não o
congressista no cargo. Enquanto isso, Rodrigues segue
com mandato.
Nesta sexta (16), Barroso enviou sua decisão para
análise do plenário do Supremo. Ao falar do caso, disse
que o afastamento era "a solução natural e óbvia". Luiz
Fux, presidente do STF, marcou o julgamento para
quarta-feira (21).
Parte dos senadores defende que, antes de ser
afastado, como quer Barroso, Rodrigues seja julgado
pelo conselho de ética. Comisso, contornariam a
decisão, por ora monocrática, e dariam mais tempo a
Rodrigues para se defender, antes de o caso ir ao
plenário do Senado.
O senador era vice-líder do governo Jair Bolsonaro na
Casa e deixou o posto. Ele foi alvo de mandado de
busca e apreensão pela Polícia Federal, em Boa Vista,
em operação que apura desvios em verbas de combate
à Covid-19.
Bolsonaro, que mantinha amizade com Rodrigues há
duas décadas, buscou se desvincular dele após a
operação.
Disse que o senador era "uma pessoa que gozava do
prestígio, do carinho de quase todos", mas que o caso
não tem a ver com suspeitas no governo.
Apesar da repercussão, Alcolumbre não se manifestou
a colegas em relação aos procedimentos que deverão
ser tomados. Não tratou do assunto nem mesmo com
congressistas em grupos de mensagens.
"Espero que o Davi reúna a Mesa [Diretora] e nos diga
alguma coisa. Essa foi uma decisão monocrática e
agora quem tem de falar é o Davi, que tem muita
intimidade com o Supremo, desde questões de eleições
a temas processuais", disse o senador Esperidião Amin
(PP-SC).