Clipping Banco Central (2020-10-17)

(Antfer) #1

Bolsonaro e seus ventríloquos


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Cotidiano
sábado, 17 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Luís Francisco Carvalho Filho


Crise no STF é munição para projeto de governo
implacável e despótico


Jair Bolsonaro cobra de seus auxiliares o
preenchimento do vazio deixado pela moderação verbal
que tem experimentado. As peças do tabuleiro
governamental se movimentaram nas últimas semanas
como uma fileira de ventríloquos composta de
"bolsonarinhos" que se multiplicam:


A homofobia gratuitamente revelada pelo ministro da
Educação, Milton Ribeiro, que, entre tantos desatinos,
vinculou o "caminho do homossexualismo" a "famílias
desajustadas".


A ideia patética de que "boi é o bombeiro do Pantanal",
compartilhada entre Tereza Cristina, a ministra amena
da Agricultura, e Ricardo Salles, o ministro piromaníaco
do Meio Ambiente: quanto mais bois pastando, menos
incêndio.


Na circunspecta Fundação Alexandre de Gusmão,


órgão vinculado ao Ministério das Relações Exteriores e
instituído para formar opinião pública "sensível" aos
problemas da convivência internacional, a "nocividade
do uso de máscaras" é tema de palestra â?"material
que o YouTube removeu da plataforma.

O narrador da TV Brasil, pertencente a empresa pública
federal, não hesita em emitir sinais atrevidos de
publicidade política e improbidade administrativa
mandando abraços para o presidente Bolsonaro durante
transmissão de jogo da seleção brasileira de futebol: um
pequeno ensaio para o renascimento do slogan "ame-o
ou deixe-o".

Finalmente, emergindo do nada, o vice-presidente da
República Hamilton Mourão, general que assumiria o
poder se algo de ruim acontecesse ao chefe capitão,
para dizer que o torturador Carlos Alberto Brilhante
Ustra "era homem de honra, que respeitava os direitos
humanos de seus subordinados".

Os ventos são favoráveis.

Além de surfar (injustamente) na onda da popularidade
decorrente do socorro financeiro na pandemia, de
celebrar a aprovação de normas de trânsito vantajosas
para os motoristas (validade maior da habilitação, maior
número de pontos necessários para a cassação da
licença para dirigir), o que terá forte apelo eleitoral, e de,
por enquanto, revelar-se imune a escândalos
patrocinados pela sua base política, Bolsonaro tem
oportunidade de reacender a chama da lei e da ordem.

O crime organizado já é um ator político relevante no
Brasil: as facções se internacionalizaram, as milícias
frequentam gabinetes parlamentares e governamentais,
crescem as bancadas da bala e os ganhos da bilionária
indústria da segurança pública â?"propulsora de armas,
tiroteios, vigilância e medo.

O sinistro André do Rap e sua organização criminosa
sabem manejar a esfera das leis e dos processos (o que
fortalece vínculos internos de lealdade e disciplina),
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