Clipping Banco Central (2020-10-17)

(Antfer) #1

Produção de carros de luxo tem mais de 90% de ociosidade


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
sábado, 17 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes

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Autor: Eduardo Sodré


são paulo As montadoras de carros de luxo vivem seu
pior momento no Brasil. A ociosidade nas fábricas
chega a superar 90% da capacidade instalada,
resultado de crises em sequência e do congelamento
dos investimentos causados pela pandemia da Covid-
19.


A história recente dessas empresas aqui começou em
2011, quando o governo Dilma Rousseff (PT) criou o
regime de cotas e sobretaxa de 3opontospercentuais
que, até dezembro de 2017, incidiu no IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados) dos veículos
importados acima dos limites permitidos.


Em 2018, veio o programa Inovar-Auto, de estímulo à
produção local de automóveis por meio de benefícios
tributários. Em contrapartida, exigiu o aumento da
eficiência dos veículos.


Marcas premium, por lidarem com níveis de produção
mais baixos, tiveram exigências menos rígidas. Eram
tempos de bonança, com um mercado interno próximo


aos 4 milhões de veículos vendidos.

Audi, BMW, )aguar Land Rover e Mercedes não
tardaram em anunciar linhas de montagem nacionais.
Juntas, investiram R$ 2,45 bilhões na instalação de
suas fábricas, inauguradas entre 2014 e 2017.

Foram gerados 2.500 empregos diretos, mão de obra
especializada que monta os veículos mais caros
produzidos no Brasil. O BMW X5 que sai da linha de
montagem instalada em Araquari (SC) custa pouco mais
de R$ 500 mil.

Mas os problemas começaram cedo. As vendas caíram
entre 2014 e 2016, quando os carros premium feitos no
país chegavam às lojas. A situação piorou com a
pandemia, que interrompeu a recuperação prevista para
2020.

Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (associação
nacional das montadoras), lembra que aderir ao
InovarAuto foi a opção encontrada pelas marcas
premium para acompanhar o crescimento das vendas.
Então havia um mercado premium de 50 mil unidades
por ano e previsão de crescimento.

"As empresas investiram na formação de mão de obra,
trabalhadores foram treinados no exterior, foram
investimentos relevantes", diz Moraes.

Parte desses investimentos deveria voltar via reembolso
de tributos: as marcas teriam direito aparte do que foi
gasto com a sobretaxa do IPI, o que ainda não ocorreu.

A Audi, que divide a linha de produção com a
Volkswagen em São José dos Pinhais (PR), é a maior
prejudicada: dos cerca de R$ 300 milhões retidos desde
o governo Dilma, entre 70% e 80% é devido à marca
alemã.

Em setembro, o presidente da montadora no Brasil,
Johannes Roscheck, vinculou a continuidade da
produção nacional ao pagamento dessa dívida, mas o
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