Clipping Banco Central (2020-10-17)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
sábado, 17 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes

momento fiscal do país deixa o assunto longe das
prioridades da equipe econômica de Paulo Guedes.


Para manter a produção, a matriz precisará aprovar
novo ciclo de investimentos da Audi no Brasil. O único
carro montado hoje aqui é o A3 Sedan, que acaba de
receber uma nova geração na Europa.


Se a produção for encerrada, os 300 funcionários
devem ser absorvidos pela Volkswagen, prevê
Roscheck.


Mas não é a primeira vez que fabricantes de carros
premium instalam fábricas no Brasil na esteira de
incentivos governamentais e enfrentam problemas com
a instabilidade do mercado. A pré-história remonta a
junho de 1995, quando um novo regime automotivo
entrou em vigor e concedeu benefícios a montadoras
que instalassem linhas de produção no Brasil.


Naquela época, o governo tentava controlar a perda de
dólares por meio do aumento no imposto de importação.
No caso dos automóveis, a tarifa havia passado de 32%
para 70% em março de 1995.


A possibilidade de pagar menos tributos e aproveitar um
mercado que crescia acima de 20% ao ano levaram
diversas marcas a anunciar produção no Brasil. Entre
elas, a Audi e a Mercedes. A primeira fez o A3 já em
São José dos Pinhais (PR). A segunda, o Classe A em
Juiz de Fora. Ambos foram lançados em 1999.


A Mercedes tinha capacidade para montar 70 mil
unidades por ano, mas as vendas não decolaram e a
produção foi encerrada em 2005. Em seis anos, apenas
63 mil Mercedinhos foram feitos. Hoje essa planta se
dedica à construção de cabines para caminhões.


A resiliência da Mercedes mostra quanto as empresas
se empenham para manter uma fábrica em
funcionamento. Frédéric Drouin, presidente da Jaguar
Land Rover para a América Latina, afirma que, ao
construir uma nova fábrica, as montadoras pensam nos
próximos 20 ou 30 anos.


Essa visão de futuro as faz preservarem plantas
deficitárias. Há expectativa de boa retomada do
segmento premium a partir de 2021, com a
possibilidade de novos modelos virem e reduzirem a
ociosidade.

A Land Rover produz o modelo Discovery Sport em
Itatiaia (RJ). Só 1.200 unidade s foram montadas entre
janeiro e setembro de 2019, o que faz a ociosidade
chegar a 93% da capacidade. A produção foi
interrompida nos meses de abril e maio.

"Fomos afetados pela pandemia, recuperamos e
recomeçamos a produzir em junho. Temos que nos
adaptar em uma crise e eliminar custos, mas sem
demitir", diz Drouin.

Mas se a produção segue muito abaixo do esperado, as
importações vão bem. Ele diz que os números recentes
só não foram melhores por falta de alguns modelos nas
concessionárias.

Apesar da diferença, Drouin explica que a produção
nacional se justifica pela diversidade de opções
presentes no mercado brasileiro. Ele acredita que
modelos flex ou movidos a diesel ainda terão presença
forte por muitos anos, e montá-los aqui significa fugir da
alíquota de 35% do imposto de importação.

Além da redução de tributos, a produção nacional alivia
a pressão nos preços causada pela disparada do dólar.
Mesmo que a maior parte dos componentes seja
importada, o fornecimento local de partes como bancos
e acabamentos plásticos proporciona economia de
escala.

O modelo fabril de maior sucesso entre as marcas
premium é o adotado pela BMW - que já estudava a
possibilidade de produzir automóveis no Brasil antes de
o programa Inovar-Auto ser estabelecido.

Líder em vendas entre as marcas de luxo, a montadora
opera com 71% de ociosidade, menor índice em sua
categoria. De acordo com Mathias Hofmann, diretor-
geral da fábrica de Araquari, 80% dos carros da
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