Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1

MÔNICA BERGAMO


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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As pessoas falam que a televisão molda uma
sociedade, como se a sociedade estivesse sentada em
frente à TV e aceitasse tudo o que ela propõe. Como se
não houvesse amanhã, como se a pessoa não fosse
acordar no outro dia e pegar um ônibus, pegar o metrô,
trabalhar Bianka Vieira Poucos foram os palcos que
receberam tantos ilustres da música brasileira quanto o
fusquinha branco de Serginho Groisman nos anos 1970.
Belchior, Clementina de Jesus, Cartola, Luiz Melodia,
Raul Seixas e Nelson Cavaquinho foram alguns dos que
se espremeram no interior do automóvel com janela
quebra-vento.


“Às vezes, eu fazia alguns caminhos errados para que o
trajeto ficasse mais longo e eu pudesse ter mais tempo
conversando”, relembra o apresentador sobre os
tempos em que coordenava as atividades culturais do
Colégio Equipe, na capital paulista, e fazia o transporte
dos artistas.


Seu primeiro vínculo com a instituição foi como pré-
vestibulando. Serginho passou em processos seletivos


e por três faculdades diferentes — cursou um pouco de
direito, outro tanto de história e se diplomou em
jornalismo—, mas permaneceu no Equipe durante uma
década por causa da tradição de shows e debates que
engendrou no local.

“Começou um boca a boca entre os cantores. Era uma
época da ditadura em que as pessoas não tinham onde
se apresentar”, diz. "Num dia que eu levei o Jards
Macalé, eu vejo na fila o Gil comprando ingresso. Aí eu
não acreditei. Ninguém acreditou.” Após o episódio, o
cantor baiano também se apresentou no Equipe.

Enquanto conversa com a coluna, Serginho Groisman,
70, veste uma camiseta azul cintilante com um "S" de
"SuperHomem" gravado no peito. "Eu não esperava que
a entrevista seria por vídeo", se apressa ao dizer assim
que sua imagem é exibida pela câmera. Mas a razão do
traje tem nome e disposição de sobra para viajar a
universos paralelos: Thomas, seu filho de 5 anos.

"A gente embarca numas aventuras. Essa parte da
manhã foi para brincar de super-herói", conta Serginho.
"A partir do momento em que ele nasceu, eu e a
Fernanda [Molina, sua esposa] começamos a fazer uma
engenharia melhor da vida para ficar o maior tempo
possível com ele. Virou uma prioridade mesmo."

Serginho conta que Thomas chama a pandemia de
"febre mundial" e entende que não pode sair de casa,
mas que "às vezes fica entristecido, como qualquer
criança". "Eu estou muito CDF. Muito mesmo", afirma o
apresentador sobre se manter fiel à quarentena.

"Fui estruturando o Altas Horas de casa. Isso foi
chegando aqui aos poucos", diz, e se levanta da cadeira
para exibir as câmeras e os equipamentos de luz que o
cercam em seu escritório, de onde tem apresentado o
programa da TV Globo. "Eu é que fui montando tudo,
ninguém entrou em casa. Está sendo tipo o [filme] 'Um
Homem com uma Câmera, do Dziga Vertov", brinca.
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