Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Opinião
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

A conversa de Trump durou uma hora. Foi frenética e
aguerrida, com o presidente mal acomodado num
banquinho alto. A sua frente, a implacável Savannah
Guthrie, que lavou a alma da centena de jornalistas
atropelados verbalmente e com regularidade pelo
presidente. Guthrie impôs-se como mediadora desde o
primeiro minuto. Trump suou como nunca sob as luzes
fortes daTV, mas sobretudo diante daquela inquisidora
de olhos azul-cobalto e teminho fúcsia. Ela não lhe
cedeu espaço para escapulir, nem para abreviar a lista
de perguntas que trouxera. Houve embates verbais
memoráveis em torno da simpatia do presidente pelas
teorias conspiratórias do movimento QAnon. Foi
engraçado vê-lo obrigado a dizer a frase que lhe dá
urticária: "Eu repudio a supremacia branca". Guthrie
também quis saber por que Trump retransmitira em rede
social a teoria de que a versão da morte do líder
terrorista Osama Bin Laden por um comando de elite
americano era fajutice do governo Obama. Segundo
essa fantasia, Bin Laden ainda estaria vivo, o morto
teria sido um dublê dele. "Foi apenas um retuíte que eu
postei. Cada um pode decidir por si (se acredita ou não
nisso)", esquivou-se Trump. Guthrie cortou, impiedosa:
"O senhor é o presidente, não um tiozão biruta qualquer
que retuíta qualquer coisa".


lá no planeta Biden, o compasso e o passo eram outros.
Ao longo de 90 intermináveis minutos, o candidato
democrata se confundiu com algumas datas, foi evasivo
e previsível em questões relevantes, claro e conciliador
noutras. Difícil imaginar que tenha arrebatado algum
eleitor ainda indeciso. Mas respondeu com hombridade
desarmante à pergunta mais penosa neste momento de
esgarçamento democrático: - Se o senhor perder -
perguntou o mediador George Stephanopoulos - o que
isso lhe dirá sobre os EUA de hoje?



  • Indicará que sou um péssimo candidato - respondeu
    Biden.


E acrescentou desejar que sua hipotética derrota não
signifique também a nação estar tão dividida "quanto o
presidente quer que estejamos".


No próximo dia 22, se nada mudar, haverá um último
debate real entre os dois candidatos. Fica a torcida por
uma mediação que trate ambos da forma que merecem.
Pode ser decisivo.

"Sabatinas conferiram a Trump derrota amarga no
quesito pelo qual é obcecado desde 'O Aprendiz: a
audiência"

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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