Queixas contra golpes bancários crescem 88% na pandemia
Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Economia
domingo, 18 de outubro de 2020
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Autor: CAROLINA NALIN*
De repente, uma notificação surge no celular. A
mensagem é de uma amiga empresária pedindo ajuda.
Precisa fazer um depósito urgente para um fornecedor.
Foi a partir desse relato de um contato que a personal
chef Carolina dos Wanis, de 40 anos, descobriu ter sido
vítima de um golpe.
Usaram uma foto minha publicada no perfil profissional
e mandaram mensagens, dizendo que eu precisava
pagar um fornecedor - conta.
Não houve prejuízos financeiros, mas a dor de cabeça
foi grande. Ela precisou avisar a cada cliente que fora
vítima de um golpe, porque eles estavam recebendo
mensagens indevidas de número de telefone que
parecia ser dela.
Na última quarta-feira, policiais dos estados de São
Paulo, Pará e Goiás prenderam os chefes de uma
quadrilha que clonava contas de aplicativos de
mensagens para aplicar golpes como o sofrido por
Carolina. Eles compravam chips de celular e, usando a
foto da vítima, criavam perfis falsos. Depois, contatavam
os amigos e parentes dizendo ter trocado de número e
pediam ajuda com depósitos bancários. Segundo as
investigações, o dinheiro ia para contas que eram
alugadas pelos criminosos.
De falsas mensagens em aplicativos até a retirada de
cartão por um fraudador que se passa por enviado do
banco, os golpes bancários se tornaram mais
frequentes durante a pandemia. De abril a junho deste
ano, foram registradas 8.205 mil reclamações contra
falta de sigilo e segurança de operações bancárias,
segundo dados do Banco Central (BC). No mesmo
período do ano passado, foram 4.357 queixas, um
aumento de 88,3%.
RISCO DOS SITES FALSOS
Para Daniel Dias, professor da FGV Direito Rio, o
número de fraudes acompanha o crescimento da
abertura de contas digitais e o maior volume de
transações bancárias pela internet: - Entre esses novos
usuários, que antes da pandemia resistiam ao uso ou
não tinham acesso às ferramentas bancárias digitais, há
um número considerável de pessoas com menos
intimidade e prática com o uso dessas ferramentas.
Levantamento da Federação Brasileira de Bancos
(Febraban) também mostra que as instituições
bancárias registraram aumento de 80% nas tentativas
de ataques por phishing - quando o fraudador usa links
e perfis falsos para roubar dados e informações das
vítimas. Uma das estratégias dessa "pescaria digital" se
baseia em um site falso que simula a página de um e-
commerce renomado.
Foi exatamente o que aconteceu com a consultora de
vendas Thaynara Santos, de 30 anos, na sua primeira
compra on-line. Ao pesquisar preços de um
smartphone, ela se deparou com uma oferta atraente de
um site, sem perceber se tratava da imitação de uma
grande varejista. Na hora, pagou o boleto pelo aplicativo
do banco. Só descobriu a fraude ao baixar o aplicativo