Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1

MÍRIAM LEITÃO - Plano para a economia


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Economia
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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A economia brasileira vive uma crise gravíssima. O PIB
está tendo a sua maior queda em um ano, o número de
pobres aumentou, o desemprego aflige milhões de
famílias, a dívida pública se aproxima do insustentável.
Não há um plano para enfrentar esses flagelos. O
comando da política econômica é errático e alienado.
Em que mundo vive a pessoa que diz que a economia
está se recuperando em "ritmo alucinante"? Paulo
Guedes, quando fala, assusta pelo seu desapego à
realidade.


Em um evento na semana passada no Instituto
Brasiliense de Direito Público, Guedes discorreu sobre
os erros cometidos na colônia, no Império, pelo "Estado
hobbesiano" em mais uma daquelas repetitivas
dissertações sobre o tudo e o nada. Em dado momento,
defende os bancos estaduais que o governo de
Fernando Henrique fechou, mas deveria ter deixado
abertos, na visão dele. Em qualquer fala, Guedes
precisa achar alguma decisão em que os economistas
do real teriam errado. Há um quarto de século.


O ponto é: nunca se sabe qual é o ponto do ministro da
economia. Em falas randômicas, ele foge para mundos


outros, para tempos da história que interpreta de forma
duvidosa, quando a sua matéria deveria ser o tempo
presente e a sua tarefa dizer como tirar o país do
atoleiro. Quando afinal chega ao mundo atual ele de
novo descreve inexistências, como o fato de que a
economia está no ritmo "alucinante". Sobre a nova
CPMF que pensa criar, ele fez uma acusação séria. "A
Febraban é quem mais subsidia e paga todos os
economistas brasileiros para dar consultoria contra esse
imposto."

Algumas falas dele seriam perfeitas se definissem a
conjuntura. "Uma série de ações performáticas para
tentar o equilíbrio macroeconômico quando era um
tsunami o que estava acontecendo". "Os economistas
um pouco deslumbrados pela política". "Continuamos
com a fuga do diagnóstico correto". Falava do passado,
mas as frases seriam perfeitas para definir os eventos
atuais.

Aqui e agora, o que está acontecendo é que a
recuperação tem sido desigual. Seu grande motor é um
auxílio insustentável. A alta é na margem. A maioria dos
índices sobe em relação ao mês anterior mas é muito
negativo em relação a um ano antes. E o que foi 2019?
Um ano pífio, depois de outros anos fracos que se
seguiram a uma recessão. O que significa que o PIB
encolheu, não se recuperou e caiu de novo. Agora sobe
um pouco, mas a economia é menor do que há
diagnóstico sério e um ano. Como enfrentar soluções
viáveis, essa letargia é um dos de- mas a política safios.
Há outros.

O ministro Paulo errática e alienada Guedes minimizou
o problema do desemprego. Disse que nos Estados
Unidos perderam se 30 milhões de empregos e no
Brasil pouco mais de um milhão. A economia americana
destrói e recria vagas com grande facilidade porque tem
um mercado de trabalho extremamente dinâmico. Não
dá para comparar. Mas aqui, 10 milhões de pessoas
saíram da população ocupada. E a forma mais próxima
para se dimensionar o problema. Existem contratos
suspensos e salários reduzidos em empresas
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