COLUNA DO ESTADÃO
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O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: COM MARIANNA HOLANDA
André do Rap e as feridas abertas do STF
O julgamento do caso André do Rap no Supremo
Tribunal Federal cutucou velhas feridas e abriu outras
de difícil cicatrização. Para além do placar acachapante
pela manutenção da ordem de prisão do traficante (9 a
1), o que mais doeu em Marco Aurélio Mello, segundo
quem conhece o ministro, foram a forma e o conteúdo
das falas de alguns de seus colegas em plenário. Em
linhas gerais, "discursos" duros, que "fulanizaram" o
caso concreto da fuga do traficante e se desviaram da
"tecnicidade jurídica" em questão, o artigo 316 do
Código Penal.
Ui.
O voto mais simbólico foi o de Luiz Fux. "No caso
específico, representaria autofagia não defender a
imagem da Corte." Há o entendimento de que o
presidente do STF tinha meios de derrubar a decisão de
Marco Aurélio sem expor tanto o colega e a Corte.
Duro.
Quem também pegou pesado foi Alexandre de Moraes:
André do Rap é um criminoso "de altíssima
periculosidade", um "escárnio à polícia e à Justiça".
'In the rain'.
A percepção na Corte é de que Fux e alguns de seus
pares deixaram Marco Aurélio, o decano do STF com a
aposentadoria de Celso de Mello, completamente na
"chuva".
Tensão.
Liderado por Fux, o STF deu rápida e eficaz resposta à
opinião pública. Internamente, no entanto, há mais
dúvidas do que certezas. No dia seguinte ao
julgamento, Gilmar Mendes pegou a veia: "Respeitem
um pouco a inteligência alheia, não façam demagogia e
olhem os próprios telhados de vidro".
Me lembro.
Gilmar se referia à proposta de Fux para submeter
diretamente ao plenário as decisões individuais. Fux
tem no currículo a histórica liminar do auxílio-moradia
para juízes.
Fila.
O senador Carlos Fávaro (PSD-MT) está cotado para
assumir a vaga de vice-líder deixada por Chico
Rodrigues (DEM-RR).
Ufa?
Escandaloso, o caso do dinheiro na cueca de Rodrigues
poderia ter sido ainda pior para o Planalto se tivesse
ocorrido na Câmara. No Senado Federal, a nomeação
dos vice-líderes é de competência do líder do governo
na Casa, Fernando Bezerra (MDB-PE).