Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Economia
domingo, 18 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Ipea

A exclusão digital se torna outro obstáculo,
principalmente com muitas empresas adotando o
trabalho remoto.


Apenas 38,7% da população de 60 anos ou mais
acessavam a internet antes da pandemia. Quase
metade da média brasileira, de 74,7%.


A questão tecnológica é importante não só pelo
trabalho, mas para a comunicação com a família, na
participação dos eventos sociais que viraram virtuais, na
telemedicina, nas compras. A inclusão digital precisa
aumentar para evitar que a desigualdade cresça ainda
mais em relação aos idosos - alerta Ana Amélia.


Prates afirma que falta uma política de aprendizado
durante os diferentes ciclos de vida, para evitar a
exclusão dos mais velhos do mercado de trabalho. A
reforma da Previdência aprovada em 2019 estabeleceu
idade mínima para aposentadoria de 65 anos para os
homens e de 62 anos para as mulheres, o que impõe
mais tempo em atividade.


Já existia uma discriminação anterior à pandemia, mas,
com a doença, isso aumentou. Não existe uma política
de aprendizagem de longo prazo, ao longo do ciclo de
vida. Isso não existe.


Prates lembra ainda da importância da renda dos idosos
para a família: - Os idosos têm papel muito importante
no sustento dos mais jovens.


Essa piora no mercado de trabalho vai tornar essa faixa
etária acima dos 60 anos ainda mais desigual. Segundo
Prates, ela se caracteriza por estar nas duas pontas da
distribuição. Os que estão no topo, em cargos de chefia,
e os que estão na base, trabalhando na informalidade,
em serviços que exigem pouca qualificação. Nesses
setores, a crise econômica provocada pela pandemia foi
mais severa, explica o sociólogo: - Há uma parcela de
informais que não pode fazer as atividades, ou não
deveria por causa do contágio. Os idosos são preteridos
em relação aos mais jovens, inclusive no mercado
informal, onde não há o custo trabalhista associado.


MAIS MULHERES DEMITIDAS


A doméstica e cuidadora de idosos Serrat Moura, de 60
anos, e o segurança Carlos Alberto de Moura, de 63
anos, foram demitidos antes da quarentena e agora não
conseguem mais emprego. Ela foi dispensada no fim de
2019, e ele, em janeiro deste ano. De lá para cá, o
casal, que mora de aluguel, sobrevive com a
aposentadoria de um salário mínimo de Serrat, que não
cobre todas as contas.

Fico chateada porque eu quero trabalhar e não consigo.
Está muito difícil. Quando o patrão comunicou que
precisaria me dispensar, eu chorei. Aos poucos fui
ficando depressiva, mas não posso me permitir ficar
assim. Até hoje estamos procurando emprego e
distribuindo currículos. Tenho fé em Deus que vou
conseguir. Enquanto isso, o jeito é pedir empréstimo.
Assim a gente vai sobrevivendo - lamenta Serrat.

O trabalho doméstico, como o de Serrat, foi um dos
mais afetados pela crise. E essa é a principal profissão
das mulheres com 60 anos ou mais, ocupando 13,3%
delas. Somada às auxiliares de serviços gerais e
cozinheiras, essa parcela sobe para 22%, quase um
quarto da mão de obra feminina nessa faixa etária.
Entre maio e julho, cerca de um milhão de trabalhadoras
domésticas ficou sem emprego, queda de 16,9%. A
situação é pior quando a comparação é feita com 2019:
1,7 milhão a menos na atividade.

A economista da UFF Hildete Pereira de Melo,
estudiosa das questões de gênero e do trabalho
doméstico, prevê uma queda ainda maior das vagas
nesse tipo de serviço: - O empobrecimento da classe
média, base de contratantes de empregadas
domésticas, diminui a demanda pelo serviço. Esses
empregos não voltam tão fácil.

Entre os 605 mil que perderam o trabalho entre o fim de
2019 e o segundo trimestre de 2020, 61,4% foram
mulheres.

João Saboia, professor da UFRJ, diz que a crise pode
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