Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Cidades
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Preocupado com a possibilidade de um novo aumento
de casos da covid-19 no Distrito Federal, o vice-
governador Paco Britto -- que coordena o programa do
GDF Todos Contra a Covid --, tem ido a locais passíveis
de aglomerações para distribuir um kit com álcool em
gel, máscaras de tecido reutilizáveis e uma cartilha com
dicas de prevenção contra a doença causada pelo novo
coronavírus. "A guerra continua, não podemos nos
descuidar", disse Paco enquanto, ao lado da esposa,
Ana Paula Hoff, distribuía os kits na Feira do produtor,
no Jardim Botânico, durante toda a manhã deste
sábado. Detalhe: o casal foi contaminado e se
recuperou.


À QUEIMA-ROUPA


Valdir Oliveira


Ex-secretário de Desenvolvimento Econômico


do DF e superintendente do Sebrae-DF


"A opção por privatizar não pode e não deve ser uma
resposta emocional de quem quer que seja. Privatizar é
decisão de gestão"


O senhor quebrou um tabu e defendeu privatização em
um governo de esquerda, quando foi secretário de
Desenvolvimento Econômico da administração
Rollemberg. Agora a ideia surgiu como realidade, com a
venda da CEB. Como você vê isso?


Vejo que o debate sobre a privatização está
amadurecendo na sociedade do Distrito Federal. Foi
isso que defendi na época, que esse tabu fosse
quebrado e que a sociedade decidisse o que é mais
importante para ela, ser dona do serviço ou ter acesso a
ele. A opção por privatizar não pode e não deve ser
uma resposta emocional de quem quer que seja.
Privatizar é decisão de gestão. O foco deve ser na
melhoria dos serviços para a sociedade. A esquerda
perdeu a oportunidade do protagonismo dessa
mudança, prendendo-se a princípios do passado e a
receio de fazer esse debate.
O Estado tem de servir à sociedade, e não o contrário.


Se a sociedade mudou, o Estado precisa mudar.

Falta debate?

Sim, ainda falta muito debate. A discussão concentra-se
nos interesses políticos ou corporativos. Isso não é
debate. Uns procuram defender os que sentem-se
protegidos por ser a empresa estatal e outros usam da
desqualificação do patrimônio para convencer que
devemos nos desfazer do ativo público. A política se
pauta pelo voto e a gestão pela necessidade. Prefiro a
gestão, pois considero ser mais sensato e racional para
a tomada dessa decisão. Entretanto, sem a política,
esse debate não se viabiliza. Talvez, por isso, eu não
tenha conseguido evoluir nesse debate quando fui
secretário. A gestão mostrava a necessidade da
privatização, mas a política não deixava o debate
evoluir.

O processo está sendo conduzido de forma adequada?

Não conheço os detalhes do trabalho de avaliação da
companhia nem os processos legais utilizados para
essa privatização. O Presidente Edison Garcia nos
mostrou alguns números que demonstram a
inviabilidade a CEB Distribuição como empresa estatal,
mesmo tendo um enorme potencial de mercado. Ele
está muito seguro dessa decisão.

Essa divergência com Rollemberg atrapalha sua relação
com ele?

Não. Não é porque fui secretário do governador
Rollemberg que partilhamos e concordamos em todos
os campos. Temos divergências em vários pontos, mas
respeitamos democraticamente o debate. O governador
Rollemberg nunca me impediu de fazer esse debate na
época. Apesar das divergências, ele sempre ouviu os
meus argumentos e me deixou debater. Porém, a
posição política do governo era contrária à tese. Acho
que o governo perdeu a oportunidade, na época, de
fazer o que era necessário. A agenda política não
permitiu.

A posição ideológica prejudica o debate?
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