Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1

Crônica da Cidade


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Cidades
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: por Severino Francisco >>
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Calendário do Athos
As parcerias de integração arte-arquitetura de Athos
Bulcão com Oscar Niemeyer e Lelé Filgueiras, só
podem ser comparadas às de Pelé e Coutinho, Bebeto
e Romário, Fellini e Nino Rota, Glauber Rocha e Villa-
Lobos. Mas, entre várias obras-primas, eu queria
destacar as que fez com Lelé Filgueiras em hospitais da
Rede Sarah, tema do Calendário Athos Bulcão de 2021,
que homenageia os profissionais de saúde que
trabalharam e trabalham no combate ao coronavírus.


Athos e Lelé firmaram parceria a partir de 1962. Os dois
se conheceram em 1959, durante uma grande festa
promovida na superquadra 106 Sul, em que veio a
Brasília um avião com toda a turma do bar Vermelhinho,
para animar o grupo que construía a cidade com um
pileque geral. Essa parceria tem uma unidade, oriunda
dos mesmos valores modernistas de humanização dos
espaços urbanos formulados pela geração de Oscar
Niemeyer e Lucio Costa.


Com Lelé, Athos realizou intervenções de arte-
arquitetura nos hospitais da Rede Sarah em Brasília,
Salvador, Aracaju, Belo Horizonte, Natal, Vitória. Quem
disse que o hospital precisa ser um ambiente sombrio,
cinzento, tedioso, monótono e feio?

Em parceria com Athos Bulcão, Lelé concebeu espaços
mais humanos e belos dentro do hospital, com painéis
de colorido vibrante, arquitetura vazada, ventilação e
iluminação naturais: "Ninguém se cura somente da dor
física, tem de curar a dor espiritual também", disse Lelé
no depoimento à Cynara Meneses.

Lelé revolucionou o uso da luz e da ventilação naturais
no ambiente do hospital Sarah. Elas só não são
utilizadas no centro de cirurgia e das salas de raio X.
Athos dizia que muitos arquitetos acreditam que a arte
só deve entrar em um prédio depois que ele estiver
pronto. Não é esta a visão de Lelé. Para ele, as
intervenções de Athos não são meramente decorativas,
interferem em sua concepção de arquitetura. Não são
quadros que se penduram nas paredes para enfeitar o
ambiente.

Em uma ala de quartos do Hospital Sarah, em Brasília,
criou painéis constituídos por módulos coloridos, com
pequenas aberturas, que entram em comunicação direta
com os jardins. Na sala de espera da radiologia, utilizou
as cores amarela e laranja, em fundo branco, para
provocar a sensação de alegria e de bem-estar.

Um dos trabalhos que produziu maior prazer foi a série
de bichos coloridos que Athos concebeu pensando nas
crianças. O artista ficava muito feliz com a reação
positiva das crianças internadas na rede Sarah. Quando
passam para tomar sol, ficam envolvidas por formas
leves, exuberantes, coloridas e sugestivas. Estabelecem
uma relação afetiva com o espaço.
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