Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1

Brasil S/A


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Economia
domingo, 18 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

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Dando nome aos bois
Com cerca de R$ 800 bilhões de gastos excepcionais
para minorar os danos provocados pela pandemia,
soam descompensados os alertas de que o país estaria
numa "trajetória explosiva de endividamento" e
"flertando com o precipício econômico". Seria mais
simples dar nome aos bois e expor o receio de que Jair
Bolsonaro se enamore da ideia de um governo sem
travas orçamentárias e abrace o populismo fiscal.


Tais críticos são os mesmos que aclamaram o laxismo
por evitar uma depressão traumática. Agora que a crise
sanitária está cedendo, lê-se aqui e ali que programas
como o auxílio emergencial teriam sido excessivos,
numa versão financista de engenharia de obras feitas.


Economistas que apreciam amparar-se no que chamam
de "evidências" alegam que ou o governo começa a
desidratar o gasto emergencial ou a inflação ressurgirá
com força, baseando-se na disjuntiva entre a taxa de
juro dos papéis do Tesouro mais longos, que estão em
alta, e a taxa Selic, estacionada pelo Banco Central


em 2% ao ano.

Sem reação, estariam condenadas a política de juros
baixos do BC e a recuperação da atividade dos setores
dependentes do crédito.

Imagine a população de informais sem o auxílio que era
de R$ 600, encontra-se em R$ 300 e o governo tenta
garantir em torno de R$ 200 em 2021, o que é incerto,
para menos de 10 milhões de pessoas, ante os 67
milhões atendidos este ano? E isso com carestia da
comida, o BC arrochando os juros, desemprego? É o
não caminho.

Só que não tem de ser assim. O gasto público
excepcional pressupõe que a sua gestão também não
seja convencional. Os gastos acima do previsto na lei
orçamentária foram bancados com a emissão de papéis
de dívida. Por isso, o Congresso facultou ao BC, a
última instância do Tesouro, comprar os títulos em
circulação, como fazem os bancos centrais dos EUA, da
Europa, do Japão etc.

A medida visa prover liquidez ao mercado, evitando
pressões sobre a Selic, exercida pela recusa em
absorver novas emissões de papéis.

Gestores de fundos dizem que a taxa básica já deveria
estar em 6%, o triplo da atual, a fim de atrair recursos
externos e apreciar o câmbio, atenuando o repasse
inflacionário do dólar caro, e reaver o dinheiro que fugiu
da renda fixa. É o que acontecerá, já que o BC se
prendeu à cartilha monetária e ignora a permissão do
Congresso.

Retorno para a estagnação

É preciso discernir os eventos em curso da economia. O
crescimento está voltando, mas em relação ao baque
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