Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1

VERA MAGALHÃES - Atrás do próprio rabo


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Política
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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O panorama das disputas municipais mostra uma
constante de Norte a Sul do País: depois de 2018, a
esquerda segue dividida, com o PT insistindo em
transformar a sua estratégia eleitoral de agora e de
daqui a dois anos num tribunal sobre as culpas pelo
impeachment de Dilma Rousseff e a posterior eleição de
Jair Bolsonaro - partindo da premissa, é claro, que nem
uma coisa nem outra são sua própria responsabilidade.


Por conta dessa divisão, cidades como Fortaleza e
Recife assistem a uma autofagia do chamado campo
progressista, abrindo espaço para o crescimento, ao
menos temporário, como mostram as pesquisas, de
nomes de centro-direita e direita.


Outras, como São Paulo e Rio de Janeiro, assistem à
possibilidade de a esquerda simplesmente ficar de fora
da disputa final por conta dessa dificuldade de unir
propósitos e agendas.


O candidato petista em São Paulo, Jilmar Tatto, começa
a sair do pelotão dos últimos colocados justamente
quando se iniciava um movimento interno para que
desistisse da candidatura para apoiar Guilherme Boulos,


do PSOL.

Era evidente que um candidato petista em São Paulo
não amargaria índices tão baixos quando se tornasse
conhecido. Mas a questão é outra: qual o teto para o
partido na cidade depois de ter perdido no primeiro
turno quando governava a capital e, dois anos depois,
Fernando Haddad também ter sido derrotado em terras
paulistanas?

Isso deveria ter levado o PT a uma reflexão profunda de
seu próprio legado nacional e local, e a propor uma
candidatura que pudesse ser uma resposta a essas
derrotas, e não uma reafirmação de tudo que levou a
elas, como a de Tatto.

Usar o pleito de 2020, em plena pandemia, com Jair
Bolsonaro tendo cruzado todos os limites dos
arreganhos autoritários, para repisar as teses de que
Dilma sofreu um golpe e Lula foi tirado do pleito de
forma ilegítima, como fazem nomes como a presidente
da sigla, Gleisi Hoffmann, todo santo dia, é mostrar que
não se entendeu nada do cenário de 2013 para cá e se
quer dar mais uma chance para Bolsonaro.

O presidente, marotamente, mandou Paulo Guedes
submergir até depois da eleição. Não quer ouvir falar
em nova CPMF até lá, porque pensa em "varrer o PT do
mapa", sobretudo no Nordeste.

A resposta da esquerda: brigar entre si em Estados e
capitais que hoje governa e ignorar a pandemia e a
responsabilidade de Bolsonaro sobre ela. O que importa
é uma disputa particular para ver se será o lulismo ou o
cirismo a largar na frente para 2022, ainda que à custa
de redução do espaço nacional da esquerda como um
todo.

Fica evidente que um campo político está desnorteado
quando se vê, por exemplo, que o fim de semana é
tomado por dois "atos": de um lado, os movimentos
negros "cancelando" Fernando Haddad por conta de
uma piada sem graça com suposta conotação racista - a
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