Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1

Visto, lido e ouvido


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Circe Cunha (interina) //
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EsperandoD. Sebastiãoou Godot


Uma das muitas evidências a demonstrar que a
democracia brasileira ainda não atingiu a maioridade
política, capaz de torná-la menos suscetível às más
influências de governos autoritários e poucos
esclarecidos, foi dada pelas eleições de 2018. Naquela
ocasião, restou aos cidadãos, como alternativa na
undécima hora, a opção entre uma esquerda decadente
e flagrantemente corrupta e um candidato, que por seu
longo e obscuro passado no Legislativo, apontava para
a chegada ao poder, e de uma trupe de radicais e
revanchistas de direita, sem estofo político-ideológico e,
pior, sem compromissos claros com o processo
democrático.A bem dos fatos, desde a retomada da
democracia nos anos 1980, o país ainda demanda por
governos realmente sérios e hábeis política e
administrativamente para levar o Brasil à posição que
lhe cabe entre as nações desenvolvidas. O retorno à
democracia não se fez acompanhar, como se esperava
e esperançava, por democratas civis capazes de


conduzir o país bom termo.Fora o que acreditam os
místicos, quando afirmam que o retorno dos civis ao
poder seria seguido de imprecações por parte de uma
ala de militares, o fato é que á população, de modo
geral, ainda está, como na peça de Samuel Beckett,
Esperando Godot. No nosso caso serviria, com mais
precisão, a imagem profética do sebastianismo, que fez
com que os portugueses congelassem no tempo,
permanecendo, desde 1578, aguardando o retorno do
rei D. Sebastião, desaparecido na batalha de Alcácer-
Quibir.A tão festejada democracia, se por um lado pôs
termo a uma guerra civil não declarada oficialmente,
não disse a que veio. A sequência ininterrupta de
escândalos políticos que se seguiram, mesmo que não
confiram legitimidade a março de 1964, empresta
algumas razões àquele fato histórico, sobretudo,
quando se conhece o caráter dos atuais políticos e a
insistência como se laçam famintos aos recursos do
erário.Esses fatos nos levam ao terreno das incertezas,
fazendo-nos acreditar que mais do que democracia, o
que se requer primeiramente é uma educação para a
democracia. Obviamente que esse caminho não será
apontado, de forma alguma, pelas lideranças políticas
que aí estão. Quem realmente poderia desempenhar
esse papel seriam os professores, dentro das salas de
aula. Mas, como a prioridade à educação neste país
ainda é uma meta que não saltou do papel para a
prática, continuaremos no aguardo. O que se sabe é
que não pode haver plena democracia sem plena
cidadania.Por sua vez, o sentido de cidadania plena só
pode ser atingido quando um Estado investe boa parte
de seus esforços e de forma absoluta e sincera em
educação. O mês de outubro é particularmente
dedicado, em todo o mundo, a comemorações pela
tarefa primordial desempenhada pelos professores.
Mais do que um reconhecimento pela importância
desses profissionais no desenvolvimento dos países,
essas comemorações celebram, de forma universal, o
único meio encontrado, até hoje, pela humanidade para
progredir material e espiritualmente.Tivessem
frequentado escolas com qualidade de ensino e que
muito mais que conteúdos, cuidassem da formação
moral e cidadã, por certo a maioria de nossos políticos
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