Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1

ROSELY SAYÃO - Assédios nas redes


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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A maioria de nossas crianças e adolescentes acessa a
internet e frequenta redes sociais. Se antes era por pura
diversão, hoje é também por dura obrigação. É que,
com escolas fechadas ou funcionando com pequenos
grupos que vão às aulas alternadamente, o ensino
remoto está sendo praticado por muitos. E tem mais:
por esse cenário de incertezas em relação à pandemia,
o Conselho Nacional de Educação já aprovou o
funcionamento do ensino remoto até o fim de 2021.


Ou seja: por um bom tempo ainda os estudantes terão
de, obrigatoriamente, frequentar o mundo virtual. Parece
que o ensino híbrido - aulas presenciais e remotas - terá
grande importância a partir de agora. E, atenção: quanto
mais nossas crianças e jovens frequentam o mundo
virtual, maiores são nossas responsabilidades. Por quê?
Muitas crianças, a partir de 8 anos, já frequentam
algumas redes sociais, e nem sempre com a tutela dos
pais. E elas nem poderiam estar lá porque, como
sabemos, é a partir dos 13 anos que qualquer rede
social aceita a adesão dos internautas. O problema
maior é que parte dessas crianças enganou a idade
quando da inscrição, com o consentimento dos pais!
Estes, costumam justificar sua atitude dizendo que os


filhos nasceram no mundo "50% virtual, 50% real" e
que, por isso, eles não conseguem ficar excluídos das
redes. E como as crianças sabem muito bem ser
insistentes e usar argumentos que seduzem os pais,
como por exemplo o conhecido "todos os meus colegas
têm página lá", acabam convencendo-os de que
participar de uma rede social é algo tranquilo. Não é.

Uma pesquisa mundial realizada pela Plan International,
uma organização não governamental que defende os
direitos de crianças, adolescentes e jovens, apontou
que 58% das meninas já sofreram assédio online. No
Brasil, esse índice é bem maior: 77%! (para ver a
pesquisa na íntegra, vá para https://cdn.plan.org.br/wp-
content/uploads/2020/io/LIBERDADEON-LINE-
20201002.pdf).

Vale a pena relembrar alguns aspectos importantes a
respeito de crianças e de adolescentes até os 16 anos,
mais ou menos. Como seres em formação, eles ainda
não têm recursos pessoais desenvolvidos, o que os
deixa frágeis e vulneráveis frente às adversidades da
vida. É por isso que eles precisam dos adultos: para que
cuidem deles porque ainda não sabem se cuidar.

Nessa idade, ainda estão em formação a sua
identidade, diversos aspectos da personalidade, o
autoconhecimento e o processo da conquista da
autonomia, entre outros. Ah! Ainda que tenhamos nos
desacostumados com a existência do autocontrole, de
tanto testemunharmos adultos descontrolados nos
espaços públicos e nos noticiários, as crianças e
adolescentes ainda precisam de um tempo para
alcançar a maturidade e, consequentemente, o
autocontrole. E viver sem isso é prejudicial, pessoal e
socialmente.

Considerando isso, vamos pensar nas crianças e
adolescentes nas redes. Primeiramente, muitas delas
sofrem assédio e nem sabem identificar isso porque não
conhecem o fenômeno, não foram orientadas. Elas
apenas sofrem com as consequências dessas
vivências: a autoimagem fica danificada, emoções fortes
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