Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1
Alexandre Mendonça de Barros - Anomalia pressiona inflação de
alimentos

Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 18 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Selic

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Autor: Alexa Salomão e Eduardo Cucolo


O Brasil vive hoje uma anomalia, afirma o economista
Alexandre Mendonça de Barros. Há uma forte demanda
chinesa por matérias-primas â?"ou commodities, para
usar o termo em inglês comum no mercado. Assim os
exportadores brasileiros, especialmente os de produtos
agrícolas, têm sido beneficiados por um verdadeiro mini
boom na demanda.


Ao mesmo tempo, porém, o real sofre uma violenta
desvalorização â?"mas deveria ocorrer o contrário.


"Quando a commoditie sobe de valor, e você tem um
ganho de termos de troca, em um regime de câmbio
flexível o real se valoriza. Só que o real não está se
valorizando", diz ele.


Essa situação exótica, afirma o economista, indica que
boa parte do ganho com as exportações não está sendo
trazida para o Brasil. Uma parcela foi usada para pagar
dívidas, afirma. Outra, porém, simplesmente fica lá fora.


E aí, ele identifica duas razões para essa decisão: os
juros muito baixos no Brasil e o início de uma
desconfiança enorme com a política fiscal.

Diferentemente de outras crises, que parecem distantes
da vida real, essa distorção entrou para a rotina do
brasileiro, principalmente dos mais pobres. Impulsionou
uma forte alta no preço da comida, elevando a inflação
de alimentos.

Em apresentações, o sr. tem dito que o Brasil está
vivendo, em especial no agronegócio, uma espécie de
novo boom das commodities. Como é isso??

Há dois fundamentos macroeconômicos lá fora que
estão levando ao que eu chamo de miniciclo de
commodities. Eu queria por ênfase no mini, porque não
tem nada parecido com a era Lula. Aquele era um
momento de globalização, de forte crescimento
econômico, de uma liquidez absurda. A gente estava
vendo outro padrão internacional.

Provavelmente, no ano que vem vamos ter uma
retomada da atividade econômica no mundo. Mas
vamos crescer porque o mundo diminuiu de tamanho
neste ano. É como voltar ao final de 2019. A gente já
nota uma retomada nos preços da soja, nosso principal
produto exportado. No auge da pandemia, estava US$
8,40 por bushel [unidade de medida internacional que
equivale a quase metade uma saca brasileira de 60kg].
Bateu US$ 10,40 na semana passada.

A inflação de alimentos apareceu na China porque o
segundo trimestre já marcou uma retomada de
crescimento. Então, por uma certa analogia, os
macroeconomistas olham para o que está acontecendo
na China e falam: "puxa, vai vir uma onda de demanda
de commodities e isso deve impulsionar os preços".

Existe uma coisa que a gente aprendeu durante a
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