Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1

O micróbio que derrotou o titã


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Saúde
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Reinaldo José Lopes


Brasileiros identificam pela Ia vez parasitas preservados
em osso de dino


Machões ignorantes podem esbravejar à vontade, mas
o fato é que não há força bruta ou valentia que resista à
presença de um micróbio suficientemente maligno no
organismo do cidadão.


Como este ano da desgraça de 2020 demonstrou com
requintes de crueldade, inimigos microscópicos são
perfeitamente capazes de colocar a civilização moderna
de joelhos â?"e o mesmo valia até para os dinossauros.


Imagens de tomografia e microscopia do interior de um
dos ossos desses monstros estão aí para corroborar o
que digo. Paleontólogos brasileiros identificaram uma
doença óssea das bravas numa das patas traseiras de
um titanossauro, membro de um grupo de herbívoros
pescoçudos de grande porte que era muito comum no
interior do Brasil há 85 milhões de anos.


E, dentro do fragmento da tíbia (equivalente ao osso da


lateral da perna em humanos), a equipe flagrou fósseis
dos micro-organismos que causaram a moléstia.

Trata-se de um feito inédito, conforme contam os
pesquisadores em artigo na revista científica
"Cretaceous Research" â?"é a primeira vez que alguém
consegue flagrar parasitas preservados dentro do osso
de um dinossauro.

O quinteto responsável pelo feito é formado pelo casal
Aline Ghilardi (da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte) e Tito Aureliano (da Unicamp) e inclui ainda
Marcelo Adorna Fernandes e Carolina Nascimento (da
Universidade Federal de São Carlos) e Fresia Ricardi-
Branco, também da Unicamp.

As primeiras pistas da descoberta vieram quando
Ghilardi notou que a fíbula do titanossauro, achada no
interior paulista, tinha caroços esponjosos em sua
superfície, que poderiam ser lesões ou sinais de câncer
(de fato, já foram identificados alguns dinos que sofriam
da doença).

Uma tomografia computadorizada, conduzida por
Aureliano na Escola de Medicina da USP, revelou que o
diagnóstico correto era o de osteomielite aguda, quando
o osso é infectado por micro-organismos.

Tudo indica que o caso do titanossauro era sério. A
estrutura do osso indica que ele era um animal já idoso,
cuja tíbia foi, em grande parte, destruída por lesões que
se propagavam da parte mais interna da estrutura óssea
até a superfície.

Para alcançar esse estágio, a doença deveria estar
causando muita dor ao bicho, levando à formação de
caroços e feridas superficiais que chegavam a expelir
pus, diz Aureliano, que chega a comparar a aparência
do herbívoro à de um zumbi.

A maior surpresa veio quando a equipe percebeu a
presença de pequenas estruturas fossilizadas no interior
dos vasos sanguíneos do osso.
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