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Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
Logo depois da referência ao "superdimensionamento"
o governo francês decretou o toque de recolher em
Paris e mais oito cidades. Portugal e a Espanha
expandiram as medidas de controle social, e os Estados
Unidos temem um agravamento da emergência
sanitária. No mundo já morreram mais de um milhão de
pessoas, e no Brasil passou-se da marca dos 150 mil.
Nas semanas seguintes à explosão, a bomba atômica
matou cerca de 140 mil em Hiroshima.
Se não quiser falar menos, Bolsonaro pode procurar
uma benzedeira.
Chico Stone
Assim como a cruzada de pernas de Sharon Stone no
filme "Instinto Selvagem" entrou para a história do
erotismo cinematográfico, o vídeo do traseiro
endinheirado do senador Chico Rodrigues entrará para
a história da nova moralidade política, aquela que surgiu
no rastro da campanha de Jair Bolsonaro, tendo como
passistas Fabrício Queiroz e governador Wilson Witzel.
Cuecas Seguindo uma regra jurídica antiga, celebrizada
pela fala do traficante carioca Elias Maluco ao ser
capturado, em 2002 (" prende mas não esculacha"), 0
ministro Luís Roberto Barroso mandou guardar num
cofre 0 vídeo da apreensão da lingerie financeira do
senador Chico Rodrigues.
Tudo bem, mas em 1949 0 deputado Barreto Pinto foi
cassado por quebra de decoro porque a revista O
Cruzeiro publicou fotografias nas quais posava de
cuecas.
Barreto Pinto não tinha dinheiro na cueca e morreu
garantindo que foi enganado pelo repórter David Nasser
e pelo fotógrafo Jean Manzon, que haviam se
comprometido anão publicar as fotografias de corpo
inteiro.
Madame Natasha
Desde o dia em que Natasha viu o ministro Edson
Fachin lendo uma longa citação do professor Edson
Fachin num de seus votos no Supremo Tribunal
Federal, a senhora acompanha com atenção suas falas.
Outro dia ele votou num caso em que se discutia 0
direito de 0 presidente da República escolher os reitores
de universidades federais entre os integrantes das listas
tríplices que lhe são enviadas.
A lei diz que as universidades são autônomas e que as
listas devem ter três nomes. O doutor disse o seguinte:
"Está em horizonte mais ampliado que a dimensão
meramente vocabular o deslinde da controvérsia. Faz-
se necessário reconstruir normativamente sua inserção
no ordenamento constitucional brasileiro, entendendo,
sobretudo, as especialidades de sua concretização no
sintagma 'autonomia universitária'".
Natasha não entendeu ofachinés, mas o ministro
esclareceu que a escolha do presidente deveria
preencher três condições, sendo que a terceira seria de
que "a escolha recaia sobre o docente indicado em
primeiro lugar na lista"
A senhora não entende como uma lista pode ser tríplice,
devendo a escolha recair sobre o primeiro indicado.
Para piorar, Eremildo, o idiota, contou a Natasha que
em 2016 Fachin achava exatamente o contrário.
O estilo Fux Se o ministro Luiz Fux não polir seu estilo,
corre o risco de inverter o milagre das bodas de Canaã,
transformando vinho em água.
Com poucas semanas na cadeira de presidente do
Supremo, comeu a jabuticaba que jogava relevantes
questões penais para as turmas, mandando-as para o
plenário. Em seguida, livrou a Corte da carga de ter
libertado o chefão André do Rap.
Nos dois casos, o tribunal acompanhou-o. Num, por
unanimidade, no outro com um único voto contrário, o
do ministro Marco Aurélio Mello. Ainda assim, é
perseguido pelo rótulo de autoritário.
Como sairá dessa, só ele sabe. De qualquer forma, vale
uma observação de Marcel Proust, um indiscutível