Clipping Banco Central (2020-10-18)

(Antfer) #1

Dois escândalos e um erro


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
domingo, 18 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Reforma da Previdência

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Autor: Flavia Lima


Dois assuntos daqueles que causam comoção e um
erro reconhecido deram o tom à cobertura da Folha na
semana.


O primeiro deles foi o habeas corpus concedido pelo
ministro do STF Marco Aurélio Mello ao líder de facção
criminosa André Oliveira de Macedo, o André do Rap.


Depois de certa demora para captar o apelo da história,
a Folha decidiu dar mais destaque ao caso -já bem
apurado em reportagem no site na sexta (9). Buscou
explicar as circunstâncias da soltura, feita de modo
quase automático, de um homem condenado em duas
instâncias, com base em artigo que diz que as prisões
preventivas devem ser revisadas a cada 90 dias, sob
pena de tornar-se ilegal a prisão.


Num caso como esse que, de modo compreensível atrai
todas as atenções, é importante ter uma noção mais
geral do quadro -algo nem sempre oferecido pela
imprensa.


Nesse quadro, a mesma lei usada para soltar o
traficante é vista como um dispositivo relevante para
impedir que sejam mantidas indefinidamente na prisão
pessoas sem auxílio jurídico, em geral jovens pobres e
negros, presos muitas vezes por crimes menores.

A Folha apontou a questão em manchete na segunda
(12), mas de modo pouco aprofundado. Algo que outros
veículos só fizeram depois que, no meio da semana, o
ministro Luís Roberto Barroso disse que a lei tem a
virtude de permitir que um preso não fique esquecido.

Outro fato relevante foi o furo dado pela Crusoé na
quarta (14) sobre operação da PF que, investigando
suspeitas de desvio de dinheiro público destinado ao
enfrentamento da Covid-19, chegou ao então vice líder
do governo, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR).

Durante boa parte da quinta (15), a Folha estampou no
site a manchete "Bolsonaro tira senador de cargo de
liderança e tenta se desvincular deflagra de dinheiro
entre as nádegas".

Leitor achou a manchete de baixo nível e viu nela o
objetivo de "tentar atingir outro alvo".

Como Bolsonaro disse em algumas ocasiões, a
proximidade entre ele e o senador tem longa data. Além
disso, ainda que imaginar a cena da apreensão das
notas em lugar inusitado possa ser intolerável para
alguns, o fato é que os jornais seguiram a descrição
feita pelo delegado do caso.

Não foi aí que a Folha errou o tom, mas em rede social,
onde tentou fazer graça sob o risco de despolitizar o
assunto.

"Bolsonaro 'dá voadora' e tira vice-líder flagrado com
dinheiro na cueca" dizia o tuíte, em referência ao fato de
que o episódio ocorreu horas depois de o presidente ter
dito que daria uma voadora no pescoço de quem
praticasse corrupção em sua administração.
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