Idéias e nomes
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Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
domingo, 18 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Em consonância com a proposta de um jornalismo
crítico, apartidário e pluralista, esta Folha não endossa
grupos políticos ou candidaturas, tradição que se
manterá inalterada no pleito municipal deste ano. Em
tempos de polarização ideológica e patrulhas
estridentes nas redes sociais, cabe revisitar os
fundamentos dessa escolha.
Outros veículos de imprensa, como se sabe, fazem
recomendações de voto aos leitores. Em exemplo
notório e recente, o diário The New York Times declarou
apoio ao democrata Joe Biden na corrida à Casa
Branca; trata-se de posição legítima e amparada pelo
direito inegociável à liberdade de expressão.
Este jornal, no entanto, opta por manter-se desatrelado
de legendas e governos. Entende que assim
desempenhará com maiores desenvoltura e
credibilidade o papel de registrar e escrutinar a conduta
do poder - quaisquer que sejam as forças instaladas no
Estado.
O exercício intransigente da crítica não raro é errônea
ou interessadamente tomado por atitude persecutória,
como alegam setores bolsonaristas e petistas, entre
outros grupos militantes. Todavia a Folha, sem
desconhecer eventuais equívocos e excessos que deve
corrigir com transparência, não faz nem fez oposição.
Defende, sim, princípios - democracia, Estado de
Direito, liberdades individuais, economia de mercado - e
as políticas públicas que entende serem as mais
adequadas, independentemente da administração que
as conduz.
Tampouco se deve confundir apartidarismo com
neutralidade. As diferenças percebidas entre candidatos
e entre governos, incluindo seus aspectos mais
deletérios, devem ser apontadas, sem deixar de
respeitar a opção dos eleitores.
É o que se dá no caso do presidente fair Bolsonaro e de
seu flerte inaceitável com teses autoritárias, denunciado
desde antes da campanha eleitoral. A excepcionalidade
de sua gestão também se reflete na defesa da saída de
ministros, prática rara na história do j ornai.
Advogou-se neste ano a demissão de Abraham
Weintraub, que já deixou o MEC após ataques golpistas
ao Supremo, e de Ricardo Salles, como passo
inescapável para reverter a devastação patrocinada na
pasta do Meio Ambiente. É lamentável que providências
dessa ordem precisem ser cobradas em tão curto
período de tempo.
Este jornal continuará a preferir o debate de idéias ao
de nomes, sem omitir-se diante de atitudes contrárias
aos valores que abraça - e sem sonegar espaço ao
outro lado. Espera, comisso, servir a leitores de todas
as preferências.
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas