Clipping Banco Central (2020-10-19)

(Antfer) #1

MORTES EM ALTA


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - País
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Destaques Jornais
Nacionais

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Autor: ANA LETÍCIA LEÃO


A142 edição do Anuário Brasileiro de Segurança
Pública aponta um crescimento de 7,1% das mortes
violentas intencionais em 2020 no Brasil. O aumento foi
registrado mesmo num período em que todo o país
reduziu a circulação de pessoas nas ruas e seguiu
regras de quarentena em função da pandemia de
coronavírus. O levantamento mostra que houve 25.712
assassinatos no primeiro semestre de 2020 contra
24.012 no mesmo período de 2019.


Estão incluídos na categoria de mortes violentas
intencionais os crimes de homicídio doloso, lesão
corporal seguida de morte, latrocínio e mortes
decorrentes de intervenção policial.


Para especialista, os números frustram as expectativas
não apenas por conta de haver menos gente circulando
as ruas, mas porque o índice vinha caindo nos últimos
anos: em 2019, as mortes violentas intencionais tiveram
uma redução de 17,7% em relação a 2018: passaram
de 57.574 casos para 47.773.


Esse aumento é a maior tradução de que o Brasil
perdeu uma enorme oportunidade de continuar com o
movimento de queda nos homicídios. Não fizemos a
lição de casa, de estudar o que teria motivado a queda
e colocar ações em prática - avalia Renato Sérgio de
Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública.

Para o especialista, o Sistema Único de Segurança
Pública (Susp), projeto unificado de compartilhamento
de dados da segurança, poderia ter ajudado a evitar a
escalada nos números da violência. Aprovado em junho
de 2018, ele ainda não entrou em vigor efetivamente,
diz Lima, por questões "políticas e ideológicas".

Tem uma nova dinâmica do crime organizado (por
causa da pandemia), o que gera conflito entre as
facções e, além disso, as políticas públicas ficam
patinando. Não surpreende esse crescimento em 2020,
infelizmente. Ficamos muito no discurso.

O estado que registrou maior alta no período analisado
foi o Ceará, com um aumento de 96,6% dos casos (veja
ao lado o ranking dos estados que ficaram acima da
média nacional ). O Rio de Janeiro foi na direção
contrária, anotando uma redução de 10,9% dos casos.
O recorte de 2019 aponta o perfil da maioria das
vítimas: homem entre 20 e 24 e com ensino
fundamental incompleto. Em segundo lugar, estão os
jovens de 25 a 29 anos.

INTERVENÇÃO POLICIAL

As mortes decorrentes de intervenção policial
aumentaram 6%, levando-se em conta a mesma base
de comparação semestral: saíram de 3.002 registros
(2019) para 3.181 (2020).

A letalidade policial é um dos maiores problemas do
Brasil. Muitos acham essa informação positiva, mas
revela a completa falência da ação pública frente ao
crime. Os dados da violência crescem, e o padrão de
enfrentamento é sempre o mesmo, colocando o policial
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