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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Cenário Político-Econômico - Colunistas

Embora cative em momentos de solidariedade, o
primeiro longa de DF Fiúza tem consistência dramática
frágil e linguagem visual primária. Falas
semideclamadas soam mais como lições ao espectador
do que como diálogos.

Ruy Gardnier

Sexo na terceira idade é um dos temas de peça que
estreia hoje

'A velhice é desprezada e jogada para escanteio, diz
Roberto Frota, no elenco de 'Só acaba quando termina,
com transmissão ao vivo na internet

A afirmação é lançada sem discursos preliminares: sim,
idosos amam, sentem desejo, masturbam-se, fazem
sexo. E isso e mais um pouco o que ressaltam os atores
Roberto Frota, de 81 anos, Anja Bittencourt, de 68, e
Vanja Freitas, de 67, no espetáculo teatral " Só acaba
quando termina", que estreia temporada on-line hoje -
as sessões são apresentadas de maneira gratuita às
segundas-feiras, às 21h (até 9 de novembro), por meio
do site soacabaquandotermina.carrd.co.

Inspirada no livro "Mistérios da libido na velhice", da
jornalista Tania Celidonio a partir de uma pesquisa com
250 pessoas com mais de 60 anos, a peça dirigida por
Marcos França trata, sem pudores, de temas
normalmente pouco relacionados ao que se
convencionou chamar de "terceira idade". Em cena, um
trio de idosos tenta desfazer uma série de estigmas ao
falar abertamente acerca de seus desejos amorosos e
sexuais, tecendo comentários sobre orgasmo, tesão (ou
falta de tesão), ciúme... E por aí vai.

Tratamos de várias questões inerentes à minha geração

• diz Roberto Frota, com 51 anos de carreira. - Idosos já
  não conseguem ler um livro direito e não podem correr
  uma maratona. Então deixem eles transa- rem em paz,
  cacete! Qual o problema de nós, idosos, nos
  divertimos? Não é a impotência física que encerra o
  desejo. Afinal, quem disse que a forma correta de
  transar é a do jovem de 20 anos que tem aquele fogo de
  chegar ao final rapidamente? Uma transa curtida por um

cara de 70 anos pode ser mais completa.

Entremeadas com o texto, as colocações sobre

abraços, carinhos e beijinhos sem ter fim (que, como

reforça o título, só acabam quando a vida termina)

servem de pontapé para uma reflexão mais abrangente

acerca do papel do velho na sociedade.

A suposta incompatibilidade da noção de amor carnal

com a ideia de velhice reforça a convicção de que

indivíduos com mais idade levam rotinas mais serenas,

tocadas em casa com chinelos no pé e olhos vidrados

na TV. E, para muitos idosos, atividades como o

trabalho, por exemplo, são mais do que desejáveis. O

assunto está lá na ficção, abordado sob viés crítico.

Em geral, a velhice é desprezada e jogada para

escanteio. Vejo colegas relegados ao ostracismo, como

se tivessem sido encostados num canto. Deveria

acontecer o contrário. E algo que me entristece demais -

lamenta Frota, no ar com as reprises de "Chiquititas", no

SBT, e "Mulheres apaixonadas", no Canal Viva.

CINEMA

'O conto das três irmãs. O filme de Emin Alper

(Turquia/Alemanha/ Holanda/Grécia, 2019) estreou

quinta-feira direto em streaming. No longa, Reyhan,

Nurhan e Havva saem de casa, numa aldeia nas

montanhas, para trabalhar com serviços domésticos,

mas acabam voltando à sua terra. Now e Vivo Play.

TEATRO

'Todos os sonhos do mundo.

Com direção de Rodolfo Garcia Vázquez, o monólogo

com Ivam Cabral, do grupo Os Satyros, tem sessão

hoje. O texto é assinado pelos dois. A peça mescla

excertos de Carlos Drummond de Andrade, Clarice

Lispector, Fernando Pessoa e Cecilia Meireles a

passagens de "O demônio do meio-dia - Uma anatomia

da depressão", de Andrew Solomon. Dom, às 20h. Seg,

às 21h. Ingressos grátis ou a partir de R$ 10 no Sympla

(/espacodigitaldossatyros).Até 15 dezembro.